Pedro Cabrita Reis expõe no jardim do Louvre

por José Manuel Rosendo - Correspondente Antena 1 em Paris

A escultura de Pedro Cabrita Reis, no jardim das Tulherias, no Louvre, já está disponível ao olhar de quem por lá passa. É uma obra incluída na Temporada Cruzada Portugal-França, que tem inauguração prevista para amanhã e onde vai estar o Presidente da República.

O correspondente da Antena 1 em Paris, José Manuel Rosendo, foi ver a obra na companhia do artista e registou a curiosidade de quem já apreciava as Três Graças.

O Museu do Louvre convidou-o, deu-lhe total liberdade e o resultado é uma escultura em cortiça portuguesa, com uma base em aço corten. Foi buscar inspiração a “Les Trois Grâces”, uma obra da antiguidade clássica.
Na breve caminhada entre o Hotel e os jardins do Louvre – Les Tuileries – antes que faltasse a luz natural para uma fotografia decente, uma breve conversa revela como a arte pode beber de diferentes fontes: da filosofia, da arquitectura, da política.

Pedro Cabrita Reis assume a antiguidade clássica como fonte preferencial de interesse e inspiração. Daí a escolha para esta obra que integra a Temporada Cruzada Portugal – França. Les Trois Grâces há muito que “estão inscritas numa forma de pensar e olhar o meu trabalho”, afirma.

É uma obra em que o artista utiliza a cortiça pela primeira vez. Uma primeira vez, diz, porque, o artista deve estar aberto a novas experiências, mas que é também uma escolha política: “desde logo no sentido autoral, porque o artista deve ter presente a curiosidade e abertura de espírito” para experimentar diferentes formas de criar e, depois, porque se a Temporada Portugal – França é uma operação de diplomacia cultural recíproca – mas também política e económica – pareceu-me apropriado trazer para esta exposição um material que é inequivocamente português”.
Pedro Cabrita Reis acrescenta que o “casamento entre a cortiça e o aço passa pela minha própria vida enquanto autor. Ao trazer o aço corten para este projecto, o que trago é um pouco da minha história anterior. As bases de aço corten, que pertencem a um momento anterior na minha trajectória, são também as bases de uma escultura em material novo. Aquilo que foi um passado relativo sustenta a criação de um presente que se continua”.

As Três Graças destacam-se na vegetação das Tulherias, nas muitas esculturas que espreitam entre as sebes aparadas a régua e esquadro e no tom mortiço dos edifícios que rodeiam o Louvre. As placas que assinalam a obra dão conta de um criador “artista maior da cena portuguesa”, “objecto de reconhecimento internacional” que se “confronta com a tradição e renova um tema antigo, muito presente nas colecções do museu do Louvre, nomeadamente na arte greco-romana”.
E o que espera o artista da parte de quem parar a olhar Les Trois Grâces? “Nunca se sabe exactamente o que as pessoas vêem numa obra de arte. A Arte expande a inteligência e, nesse particular, a relação de qualquer pessoa com uma obra de arte é fundamentalmente consigo própria no sentido de rever, redimensionar, reequacionar a sua posição enquanto indivíduo em relação a si próprio e em relação ao que o rodeia. A única forma de estabelecer um olhar de inteligência com a obra de arte é o da emoção. Toda a gente tem uma qualquer forma de emoção”.

"Les Trois Grâces" vão estar no jardim do Louvre até 7 de Junho. Depois, regressam ao ateliê de João Cabrita Reis, em Lisboa, e logo se vê…

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