Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões

por Lusa
Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões de 2021 Lusa (arquivo)

A escritora moçambicana Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões, atribuído em 2021, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.

A entrega do galardão acontece 10 dias depois da cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, vencedor em 2019, que decorreu no Palácio Nacional de Queluz, em Sintra.

Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “a entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane é um momento de enorme significado e enorme simbolismo para a cultura em português. É a primeira mulher negra a receber aquele que é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa”.

Na altura da atribuição do prémio, o júri, que elegeu por unanimidade a escritora moçambicana, justificou a escolha com a “sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”.

O júri referiu também a importância que Paulina Chiziane dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, e sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.

O júri da 33.ª edição do Prémio Camões foi constituído por Jorge Alves de Lima (Brasil), Raul César Gouveia Fernandes (Brasil), Teresa Manjate (Moçambique), Ana Maria Martinho (Portugal), Carlos Mendes de Sousa (Portugal) e Tony Tcheka (Guiné-Bissau).

Após receber a distinção, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, considerando que este serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado.

Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia.

Ficcionista, publicou vários contos na imprensa. Publicou o seu primeiro romance, "Balada de Amor ao Vento" (1990), depois da independência do país, que é também o primeiro romance publicado de uma mulher moçambicana.

"Ventos do Apocalipse", concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo "Balada de Amor ao Vento", em Portugal, pela mesma editora, em 2003.

A Caminho possui aliás os títulos da autora publicados em Portugal: "Sétimo Juramento" (2000), "Niketche: Uma História de Poligamia" (2002), "O Alegre Canto da Perdiz" (2008).

Da sua obra fazem igualmente parte "As Andorinhas" (2009), "Na mão de Deus" e "Por Quem Vibram os Tambores do Além" (2013), "Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento" (2015), "O Canto dos Escravos" (2017), "O Curandeiro e o Novo Testamento" (2018).








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