A Parques de Sintra, que gere a Escola Portuguesa de Arte Equestre, considerou hoje "uma honra muito grande" a inscrição da Arte Equestre Portuguesa na lista de Património Cultural Imaterial da UNESCO, partilhando o feito "com todos os cavaleiros".
"A arte equestre em Portugal é um complexo cultural, social e artístico, singularizado pela utilização deste cavalo excecional que é o puro sangue lusitano, com características únicas e exclusivas. E estamos muito orgulhosos", disse Luís Calaim, da Parques de Sintra, em declarações à Lusa por telefone, a partir de Assunção, onde o Comité Intergovernamental para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) está reunido desde segunda-feira.
A candidatura da Arte Equestre Portuguesa à lista do Património Imaterial da UNESCO foi apresentada em parceria pela Associação Portuguesa de Criadores de Cavalo Puro-Sangue Lusitano, pela Parques de Sintra e pela Câmara Municipal da Golegã.
"Gostávamos de felicitar e partilhar esta inscrição da UNESCO com todos os cavaleiros da arte equestre", referiu Luís Calaim, recordando haver "milhares de cavaleiros, não só em Portugal mas em todo o mundo, que montam no cavalo lusitano".
A Equitação Portuguesa é uma prática "que se traduz na excelência do ensino do cavalo expressa na realização dos andamentos e ares de alta escola, que deriva do ensino praticado nas academias de arte equestre europeia, com particularidades que a distinguem, fundamentalmente as que advêm da equitação de trabalho de alaceamento e lide do touro, em campo ou em arena, ou nos jogos equestres", indica a descrição patente no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, do qual consta desde 2021.
O mesmo texto lembra que esta prática "encontra-se plasmada no trabalho realizado desde o século XVIII na Real Picaria, tendo atingido uma difusão contínua que chegou [à atualidade] e congrega numerosos indivíduos e grupos de praticantes".
A comunidade de praticantes vai desde os amadores aos profissionais, encontrando-se o maior grupo na Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), embora haja praticantes espalhados por 20 países em cinco continentes, como recorda o texto patente na candidatura à classificação pela UNESCO.
"Estamos convictos que a manutenção deste património [Arte Equestre Portuguesa] neste inventário vai depender da sabedoria coletiva de todos. E não podemos esquecer que a única constante na história da humanidade é a mudança, e é muito importante para nós termos isto ciente no nosso dia-a-dia", referiu hoje Luís Calaim à Lusa.
Várias manifestações culturais portuguesas estão inscritas na lista do Património Imaterial da UNESCO, como o fado, o cante alentejano, o barro negro de Bisalhães e a dieta mediterrânica.