Reportagem

Panteão guarda restos mortais de Eça de Queiroz, escritor que "transformou a literatura"

por Mariana Ribeiro Soares, Cristina Sambado, Carlos Santos Neves - RTP

Concretizou-se esta quarta-feira a trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, em Lisboa. Afonso Reis Cabral, trineto do escritor e presidente da Fundação Eça de Queiroz, fez o elogio fúnebre, evocando o "artista metódico e compulsivo". Acompanhámos aqui a cerimónia ao minuto.

Emissão da RTP3


José Sena Goulão - Lusa

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Eça no Panteão. Cerimónia contou com a leitura de vários excertos da obra

Foto: Filipe Amorim - Lusa

A obra literária colocou Eça de Queiroz num lugar de destaque na cultura portuguesa e por isso foram as palavras que escreveu as protagonistas da cerimónia.

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Urna com restos mortais de Eça percorreu várias ruas de Lisboa

A urna com os restos mortais de Eça de Queiroz percorreu esta quarta-feira as principais ruas de Lisboa. Foi depois de uma homenagem que passou pelo Palácio de São Bento.

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Muitos manuscritos de Eça estão na Biblioteca Nacional

Eça de Queiroz viveu no século XIX, mas o país que o autor descreve nas obras de ficção ainda tem muitas semelhanças com o presente. Muitos manuscritos do escritor estão guardados na Biblioteca Nacional.

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A cerimónia de trasladação de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional em imagens

A trasladação de Eça para o Panteão é a 13ª da história do país e a sétima em democracia.

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Cerimónia terminou após toque de "alvorada"

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Bandeira nacional que cobria urna de Eça entregue a um dos familiares do escritor

A bandeira nacional que estava em cima da urna desde que os restos mortais saíram da Assembleia da República foi dobrada por dois militares da GNR que entregaram a bandeira ao presidente da República, que por sua vez entregou-a a Afonso Eça de Queiroz Cabral, familiar do escritor.
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Urna transportada até à sala onde ficará depositada

Presidente da República diz que há poucos escritores "tão vivos" quanto Eça
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Assinado termo de sepultura de Eça de Queiroz

Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro e José Aguiar-Branco assinaram o termo de sepultura de Eça de Queiroz no Panteão Nacional.
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Presidente da República diz que há poucos escritores "tão vivos" quanto Eça

Foi a vez do presidente da República subir ao púlpito para discursar. Para Marcelo Rebelo de Sousa, poucos escritores estão tão vivos quanto Eça de Queiroz.

“Vivos porque os lemos de facto, por oposição a termos lido por obrigação escolar, por oposição a serem um vago nome de rua ou de jardim. Quantos serão esses mortos aos quais damos vida porque os lemos?”, questionou.

Para Marcelo, “a maior homenagem a Eça será sem dúvida reeditá-lo, estudá-lo e, acima de tudo, lê-lo”, mas “há atos de justiça, como esta trasladação, mesmo não conhecendo as vontades do escritor sobre a matéria”.

“Nunca haverá uma maneira certa de comemorar Eça, porque todas as comemorações ficam aquém. São de algum modo desajustadas”, disse.

“Esta sessão é uma homenagem dos portugueses através dos seus representantes. Não é um ato de somenos, antes um justo reconhecimento. Mas sabemos que temos de cuidar sobretudo da obra de Eça”, concluiu.
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"Fala-nos de elites fascinadas com o estrangeiro". Aguiar-Branco relembra críticas de Eça

No seu discurso, José Pedro Aguiar-Branco começou por salientar a atualidade de Eça de Queiroz, assinalando que fala "de elites fascinadas com o estrangeiro e tantas vezes desligadas das vivências nacionais, de burgueses citadinos deslumbrados com o materialismo, de gente simples em serras abandonadas pelos círculos do poder, de jovens decididos a revolucionar o mundo que caem na resignação e no cinismo".

"Fala-nos de burocracias que desesperam até os mais pacientes, e de políticos - imaginem - que lidam mal com as farpas da imprensa. Fala-nos de tudo isto e nós revemos tantas vezes na sua prosa os traços do nosso país, diferente em muitas coisas e parecido em tantas outras. Atrás de uma escrita elegante e culta e de uma deliciosa ironia, está uma capacidade única de olhar o país. Única e desapaixonada", sustentou o presidente da Assembleia da República.

Aguiar-Branco considera que Eça de Queiroz foi sobretudo um reformista com uma capacidade única de olhar o país, através de uma "escrita elegante e culta e de uma deliciosa ironia", e afirma que “o lugar de Eça de Queirós é óbvio”.
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Elogio fúnebre do Afonso Reis Cabral a Eça de Queiroz

Afonso Reis Cabral, um dos familiares do escritor e presidente da fundação Eça de Queiroz, fez o elogio fúnebre no qual recordou que a obra de Eça "transformou a literatura portuguesa". O trineto recordou toda a obra e vida de Eça de Queiroz.
 
“Eça foi um artista metódico e compulsivo”, frisou Afonso Reis Cabral que também recordou o papel de Eça de Queiroz como diplomata.
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Restos mortais já chegaram ao Panteão

Os restos mortais de Eça de Queiroz já chegaram ao Panteão, segue-se agora a cerimónia de trasladação. A urna, coberta pela bandeira nacional, foi transportada ao longo de todo o percurso por militares da GNR. A urna foi colocada na Essa e de seguida foi interpretado o hino nacional.
A cerimónia conta com a presença de mais de 300 convidados, entre os quais as três figuras do Estado e os familiares do escritor.
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Marcelo chega ao Panteão
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Presidente da República recebido pelo presidente da Assembleia da República e pelo primeiro-ministro

José Pedro Aguiar-Branco, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro tomaram já os seus lugares na Igreja de Santa Engrácia. A urna com os restos mortais de Eça de Queiroz entra em seguida.
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Montenegro já chegou ao Panteão

O primeiro-ministro já está na Igreja de Santa Engrácia, onde aguarda a chegada do presidente da Assembleia da República.
Luís Montenegro não vai discursar durante a cerimónia.
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Chuva obrigou a vários reajustes na cerimónia

O mau tempo que fustiga a cidade de Lisboa obrigou a alguns ajustes à cerimónia de trasladação.
Os restos mortais de Eça de Queiroz vão fazer uma breve paragem numa área coberta e não na praça fronteira ao Panteão.
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Trasladação de Eça para o Panteão é a 13ª da história do país e a sétima em democracia

A trasladação obrigou o Panteão a abrir a quarta ala tumular, onde restam apenas três lugares, como explicou à RTP Santiago Macias, diretor do Panteão.
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Hugo Van Der Ding é um dos leitores dos textos de Eça

O escritor Hugo Van Der Ding que vai ler dois textos de Eça de Queiroz durante a cerimónia no Panteão considera a possibilidade uma demostração “plena do génio que todos conhecemos”.
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Eça foi muito mais do que o autor dos "Maias"

A jornalista da RTP, Ana Daniela Soares, esteve no Bom Dia Portugal, a recordar a vida e a obra de Eça de Queiroz.
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Cerimónia em São Bento
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Urna com restos mortais de Eça de Queiroz chega a São Bento

A cerimónia de trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional começa a ganhar forma nas escadarias do Parlamento, em São Bento, onde já se perfilam figuras políticas.

A urna com os restos mortais do escritor já se encontra no local.
O momento da chegada foi acompanhado pela equipa de reportagem da RTP no local.
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Emissão especial
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Cerimónia é acompanhada pela RTP a partir das 10h30

Realiza-se esta manhã a cerimónia de trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional. Tem início na Assembleia da República com música a a leitura de excertos da obra do escritor.

A trasladação acontece 125 anos depois da morte do autor de Os Maias e quatro anos depois da aprovação no Parlamento.A RTP transmite a cerimónia a partir das 10h30. Também a Antena 1 realiza uma emissão especial.

Para trás fica um braço-de-ferro judicial, com ações interpostas por alguns dos bisnetos do escritor que não desejavam ver os restos mortais de Eça a sair da aldeia de Santa Cruz do Douro, no concelho de Baião, para o Panteão.

A cerimónia arranca com a Banda de Música e Fanfarra da Guarda Nacional Republicana, diante da Assembleia da República, em São Bento, onde estarão as principais figuras políticas.

Tocado o hino nacional, o cortejo vai encaminhar-se pela Rua de São Bento, com escolta de honra a cavalo, até ao Panteão Nacional. Aqui serão projetadas imagens de Eça de Queiroz e novamente interpretado o hino nacional, pelo maestro João Paulo Santos e pela soprano Sara Braga Simões, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos.

O elogio fúnebre cabe a Afonso Reis Cabral, trineto de Eça e presidente da Fundação com o nome do escritor. Haverá lugar a diferentes momentos musicais e à leitura de excertos de obras.

A cerimónia é concluída com a assinatura do Termo de Sepultura do Panteão Nacional. A urna será transportada por militares da GNR até à sala onde se encontra a Arca Tumular.

c/ Lusa
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Trasladação. Eça de Queiroz regressa a Lisboa

Foto: Fernando Veludo - Lusa

Com a trasladação para o Panteão Nacional, Eça de Queiroz regressa uma vez mais a Lisboa. Pelas ruas da cidade é ainda possível encontrar os locais que inspiraram o escritor.

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por Antena 1

Seixas da Costa: "Um Eça de Queiroz com um bom blog ou página de Facebook era muito perigoso"

Foto: Manuel Fernando Araújo - Lusa

Para Francisco Seixas da Costa, conselheiro cultural da Fundação Eça de Queiroz e antigo embaixador, não há dúvidas de que o escritor e diplomata se tratou de alguém que soube ler - como poucos - a sociedade e a política nacionais, mas, mais de um século após a morte do romancista, o ex-secretário de Estado reconhece que é difícil desenhar o perfil do político por detrás da figura de Eça de Queiroz.

"Quando nós olhamos para o Eça, se reparar bem, é muito difícil fazer uma análise política e, digamos, tentar descobrir qual é o político", diz, em entrevista à Antena 1, Seixas da Costa - um dos defensores da trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional.

Para o antigo embaixador, há, na obra de Eça de Queiroz, informação sobre o que pensaria o escritor acerca da política e dos políticos do final do século XIX - bem como dados sobre posições políticas próprias -, mas, segundo Seixas da Costa, é preciso separar o autor das personagens criadas ao longo das décadas.

"Olhamos, por vezes, para uma figura como o tal João da Ega - que é, porventura, a figura mais evidente n'Os Maias, que é uma obra central -, e tentamos colocar o Eça como representado pelas críticas de João da Ega. Mas, eu não sei se isso é verdade, porque, em outras áreas, Eça foi bastante mais conformista do que João da Ega e teve posições bastante mais conformistas, o que significa, portanto, que o Eça, ao longo do tempo, se calhar plasmou nalgumas das suas várias figuras e dos seus vários personagens aquilo que foi pensando", sublinha.

Segundo Seixas da Costa, que se assume como queirosiano convicto, não existe no trabalho de Eça de Queiroz uma "crítica política à sociedade portuguesa dessa altura", mas uma "leitura de uma sociologia irónica do Portugal partidário do final do século XIX" e "daquilo que são os vícios da sociedade de lisboeta e do jornalismo".

Em entrevista à Antena 1, o membro do Conselho Cultural da Fundação Eça de Queiroz assinala ainda que o olhar crítico acutilante do autor de O Crime do Padre Amaro ou de O Primo Basílio poderia acarretar, hoje em dia, alguns problemas. Desde logo, do ponto de vista da linguagem.

"Se Eça de Queiroz escrevesse o que escreveu na altura e se isso fosse lido - e, particularmente, tivesse a repercussão que na altura não teve, porque era um ambiente muito limitado", sublinha Francisco Seixas da Costa, que, questionado sobre o que seria Eça de Queiroz na era das redes sociais, atira: "Um Eça de Queiroz com um bom blog ou com uma página de Facebook era muito perigoso".

E acrescenta: "O que Eça nos dá é um retrato da sociedade lisboeta e da vida lisboeta, dos cafés, dos bares, de tudo aquilo que era o ambiente lisboeta e também do Teatro Nacional de São Carlos, do Parlamento, dos políticos que sobem e que descem. No fundo, eu diria que Eça ajuda muito a ligar aquilo que nós conhecemos da história através da história literária".

Seixas da Costa lamenta, no entanto, que não exista uma figura semelhante no século XXI em Portugal. "Nós não temos na sociedade portuguesa uma escrita que seja tão sociologicamente relevante como a que Eça de Queiroz fez para o final do século XIX", remata o antigo embaixador, que acredita que Eça de Queiroz teria " prazer" em escrever sobre o atual parlamento nacional: "Seria extraordinário a desmontar o discurso político".
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por Isabel Cunha - Antena 1

Eça no Mundo Digital. Revista Queirosiana passa a ser online e gratuita

Foto: Isabel Cunha - Antena 1

A Casa Museu de Tormes, cenário da obra literária a Cidade e as Serras, é também sede da Fundação Eça de Queiróz, que nasceu em 1990 com o propósito de perpetuar a vida e a obra do escritor, que este ano se instala definitivamente no mundo digital.

A Revista Queirosiana, que existe há 30 anos, vai passar a ser exclusivamente online e gratuita.

Entrevistado pela jornalista Isabel Cunha, o presidente da Fundação Eça de Queiróz, o trineto do escritor, Afonso Reis Cabral, destaca o programa de Bolsas de Residência Literária como um dos maiores serviços públicos de cariz cultural que a instituição presta à sociedade portuguesa.
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Eça de Queiroz. Trasladação dos restos mortais para o Panteão não foi consensual

A trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz não foi consensual. Chegou a ter dia marcado, mas o processo foi alvo de providências cautelares, recursos e adiamentos. A ideia de honras de Panteão dividiu a família do escritor.

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Restos mortais de Eça de Queiroz estiveram em câmara ardente na Casa de Tormes

Foto: Manuel Fernando Araújo - Lusa

O momento assinala a despedida de Baião. A urna foi colocada na entrada do edifício, junto dos objectos pessoais do escritor. Passaram por lá muitos leitores e escritores para uma homenagem a poucos dias da trasladação para o Panteão Nacional.

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por Miguel Bastos - Antena 1

Eça de Queiroz foi escritor com olhar gastronómico

RTP Arquivo

Na véspera da trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, a Antena 1 olha para as muitas referências à gastronomia nos livros do escritor.

Desde o "Bacalhau à Alencar", em "Os Maias", à "Carne Assada à moda da Luísa", em "O primo Basílio", ou à cabidela, em "O Crime do Padre Amaro" - são muitas as passagens sobre a arte de bem comer.

Na obra "A Cidade e as Serras" ficou famoso o "Arroz com Favas". Um prato apreciado pelo protagonista, na ficção, e também pelos admiradores de Eça, na vida real.

O autor recebe na quarta-feira honras de Panteão.
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por Isabel Cunha - Antena 1

Casa de Eça em Tormes é lugar de "peregrinação"

Isabel Cunha - Antena 1

O escritor português Eça de Queirós continua a atrair a atenção de muitas pessoas que gostam de literatura e das suas obras em particular. A vontade de conhecer este autor mais de perto leva mesmo alguns a fazer uma espécie de peregrinação aos lugar onde o autor viveu e se inspirou para algumas obras.

Exemplo desta "fé" literária é um professor português de literatura em Itália, que visita anualmente a Casa de Tormes, no concelho de Baião, que inspirou a obra de Eça "A Cidade e as Serras".

Na contagem decrescente para a trasladação de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, a Antena 1 dá a conhecer o impacto que o escritor continua a ter por cá e lá fora.

A trasladação dos restos mortais do escritor é já esta quarta-feira e a cerimónia terá cobertura em direto pela Antena 1.

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