Porto, 14 Dez (Lusa) - Gustave Eiffel, mundialmente conhecido pela torre com o seu nome que domina Paris, teve na cidade do Porto a sua primeira grande obra, que o projectou para uma notoriedade mundial que se mantém 175 anos depois do seu nascimento, que se assinala sábado.
Alexandre Gustave Eiffel, que nasceu a 15 de Dezembro de 1832, em Dijon, teve na construção da Ponte D. Maria, sobre o rio Douro, a primeira grande obra realizada pelo gabinete que criou em 1868.
O projecto, da autoria de Teophile Seyrig, sócio de Eiffel, destacou-se entre as propostas que se apresentaram ao concurso internacional, não só por ser mais barato, mas principalmente por introduzir novos conceitos para a travessia de um vão com 160 metros.
A importância que Eiffel atribuiu à obra justificou que se tivesse instalado em Portugal durante o tempo que demorou a construção, para poder acompanhar de perto os trabalhos, que decorreram entre Janeiro de 1876 e Outubro de 1877.
Na altura, Eiffel anunciou a intenção de construir uma ponte "no limiar do impossível" e a verdade é que a Ponte D. Maria veio a ser considerada uma obra revolucionária para a época.
A construção num tempo recorde, aliada à dificuldade criada pela transposição de um vão de grandes dimensões, deram a Gustave Eiffel uma projecção internacional.
Esta travessia ferroviária do rio Douro foi inaugurada a 04 de Novembro de 1877, numa altura em que Gustave Eiffel já estava também envolvido na construção da ponte metálica de Viana do Castelo, um projecto da sua autoria.
A ponte, que a Ordem dos Engenheiros considerou como uma obra notável, é única em Portugal, distinguindo-se pelos tabuleiros sobrepostos, mas também pelos `cotovelos` existentes nas duas margens, à entrada do tabuleiro.
A travessia rodoviária e ferroviária do rio Lima foi inaugurada a 30 de Junho de 1878.
A presença de Gustave Eiffel em Portugal passa também pelo Elevador de Santa Justa, em Lisboa, construído com base num projecto do engenheiro Raul Mesnier Ponsard, discípulo de Eiffel.
Trata-se de um elevador vertical com 45 metros de altura, que possui duas cabinas com capacidade para transportar 25 pessoas.
Inaugurado a 10 de Julho de 1902, o elevador está classificado como monumento nacional, tendo o passadiço que o liga à Rua Nova do Carmo como um dos seus elementos mais importantes.
Alguns anos antes da inauguração deste elevador na capital portuguesa, Gustave Eiffel tinha perdido o concurso para a construção da Ponte D. Luís, sobre o Douro, no Porto.
O gabinete de Eiffel apresentou um projecto que previa apenas um tabuleiro, ao nível das ribeiras do Porto e de Gaia, com uma parte levadiça no centro, mas a proposta, que ganhou um prémio na Exposição Universal de Paris de 1878, não foi aceite pelo governo português, que exigia uma ponte com dois tabuleiros.
O novo concurso veio a ser ganho por um projecto da autoria de Teophile Seyrig, ex-sócio de Eiffel, que, nessa altura, já se tinha separado do seu mentor e assinou como único responsável a construção da Ponte D. Luís, inaugurada a 31 de Outubro de 1886.
Gustave Eiffel, cujo nome também ficou ligado à construção da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, é apontado como um excelente construtor e empresário, que se soube rodear de bons engenheiros.
O seu principal mérito, segundo alguns estudiosos da sua obra, residia na capacidade de gestão das construções e na precisão da sua execução, muito graças à técnica de pré-fabrico em estaleiro, considerada avançada para a sua época.
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