No México os dois últimos falantes de língua indígena não se falam

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Dois idosos do Sudeste mexicano que discutiram e que não se falam são os únicos que falam a língua "zoque", em perigo iminente de extinção, afirmou hoje um representante do Instituto Nacional de Línguas Indígenas.

Fernando Nava explicou que, pelo que parece, os dois amigos que vivem no Estado Sudeste de Tabasco, recentemente afectado pelas chuvas torrenciais que chegaram a inundar 80 por cento do seu território, tiveram uma forte discussão e já não se falam.

Os zoques são uma pequena etnia indígena mexicana, descendente dos olmecas, e encontram-se dispersos pelos Estados de Chiapas, Oaxaca e Tabasco.

Entrevistado no âmbito do Foro Universal das Culturas, que se celebra na cidade nortenha de Monterrey e onde apresentou o Catálogo Nacional das Línguas Indígenas, Nava sustentou que o México conta com 364 línguas indígenas mas que mais de 20 estão em risco de desaparecer.

O representante do Instituto Nacional de Línguas Indígenas destacou que algumas das línguas em perigo são a cucapá, da Baixa Califórnia, o seri, de Sonora, o kikapu, de Coahuila, e o aguateco, de Chiapas.

Em situação mais crítica e com os dias praticamente contados encontram-se a língua cochimí-yumana e o kiliwa, ambas do Norte da Baixa Califórnia, sublinhou.

Contudo, Nava explicou que, ainda assim, "o México está entre os oito países que concentram a metade das línguas que se falam no mundo".

O Catálogo Nacional de Línguas Indígenas do Instituto Nacional de Línguas Indígenas contém uma cartografia das línguas indígenas faladas no território mexicano, que aparecem representadas em 150 mapas elaborados a partir de informação de censos realizados em 2000.

O especialista acrescentou que no mundo existem 11 famílias linguísticas indo-americanas e que cada uma delas se encontra representada no México com pelo menos uma das suas línguas, enquanto que continentes como o europeu contam "somente com cinco".

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