Porto, 13 dez (Lusa) -- O Museu dos Transportes e Comunicações, no Porto, inaugura na segunda-feira a exposição "Comunicar", uma mostra permanente que, dividida em cinco núcleos, aborda múltiplas formas comunicacionais, desde os cinco sentidos à televisão e rádio.
Ocupando um espaço de 2.000 metros quadrados do edifício da Alfândega, a exposição convida os visitantes a "descobrir as metamorfoses" da comunicação, sendo constituída por conteúdos multimédia, inúmeros vídeos, ecrãs táteis e objetos, que permitem comunicar, ampliar e difundir a comunicação.
"A nossa vontade é a de que o visitante descubra o que mais gosta, não precisando de ver tudo", tendo em conta que experienciar toda a exposição pode demorar até quatro horas, afirmou Carlos Brito, presidente da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações.
Devido à sua abrangência e diversidade, "esta exposição não permite rotinas" por parte dos seis funcionários do museu, disse Carlos Brito, apontando como problema o facto de não existirem apoios financeiros exteriores, nem de mecenas nem do Estado.
A mostra não tem um percurso definido, mas logo à entrada do espaço surge a "Casa da Comunicação", o núcleo museológico castanho destinado à Alfândega do Porto enquanto "metáfora da comunicação".
Foi a Alfândega que possibilitou ligações entre a cidade, a região e o mundo, mas também foi na Alfândega que foram introduzidas barreiras a essa mesma comunicação, através da aplicação de tarifas, explicou Susana Faro, do museu.
O segundo núcleo -- azul - destina-se à exploração dos cinco sentidos, nos quais são apresentadas entrevistas a profissionais de diferentes áreas, cada um mais relacionado com determinado sentido, como um chefe de cozinha para o paladar ou um afinador de pianos da Casa da Música para a audição.
Misturando-se com o azul surge o núcleo laranja, onde o visitante pode observar 10 pontos da rota do Património da Humanidade, quatro em Portugal e seis em Espanha, com destaque para o Douro, "enquanto canal de comunicação", frisou Susana Faro.
É neste corredor que surge "a máquina da comunicação", constituída por dois cones e um zepelim, sendo que este dirigível reage com cor aos sons que são emitidos a partir dos cones.
Segue-se o núcleo roxo -- "A mensagem" -, que apresenta a evolução das diversas formas e códigos da comunicação, antes e depois da escrita.
Neste núcleo, o visitante encontra desde as figuras rupestres e o código morse, ao código universal para daltónicos, passando pela cartografia, sinalização rodoviária, linguagem corporal e línguas.
Existe também nesta ala da mostra espaços especialmente dedicados ao "poder das palavras", como a entrevista entre Mário Soares e Álvaro Cunhal, e "a palavra interdita", com imagens do lápis azul e de jornais censurados.
"Os mensageiros" é o último núcleo desta mostra, aparece a verde e é especialmente dedicado à evolução e exploração das principais tecnologias associadas aos diversos meios de comunicação.
É nesta ala da exposição, que conta com a parceria de 12 instituições, que os visitantes podem experimentar fazer um programa de rádio ou a realização de um programa de televisão.
Os três euros de entrada abrangem a visita às outras exposições patentes na Alfândega, mas a direção da Associação "está a equacionar" a criação de uma entrada única para esta exposição, que é "um produto de qualidade inquestionável e que justifica ser visto por milhares de pessoas do país e da Galiza".
Carlos Brito disse ainda que, sendo esta uma mostra permanente, "os responsáveis poderão fazer pequenas metamorfoses" ao longo dos anos, "em função dos seus conteúdos".