Mulheres que contam. Nádia Rodrigues

por Silvia Alves - RTP

Diretora industrial Fábrica Bordallo Pinheiro.

Nádia Rodrigues estudou Engenharia e Gestão Industrial na Universidade de Aveiro, a que se seguiu o mestrado. A primeira experiência profissional foi impactante e transformadora. Começou na Toyota Caetano em Ovar, seguiu-se uma multinacional da indústria automóvel, a Kirchhoff Automotive, na mesma cidade.
Um salto para a cerâmica industrial, numa fábrica construída de raiz e completamente automatizada, a Ria Stone e, finalmente, o convite inesperado para a Bordallo Pinheiro – uma cerâmica também, mas com muita coisa feita à mão.

Todas estas experiências a encantam, porque considera “extraordinário nós vermos algo a nascer, a materializar-se; é maravilhoso vermos como começa e como acaba, é quase estarmos a ver as nossas peças à venda na loja”.
Gosta muitíssimo de trabalhar com mulheres – na Bordallo Pinheiro, 70% dos funcionários são mulheres – até porque há funções na fábrica que requerem muita sensibilidade, que requerem delicadeza, e ir ao detalhe. E isso é tipicamente uma característica mais do género feminino. Grande parte do fabrico das peças é manual, podendo dizer-se que cada peça é única.

Nádia Rodrigues orienta-se pelos seus valores de ética profissional, de ser justa, empenhada, honesta e humana. Mesmo em dias em que “se parte a loiça”, Nádia mantém o foco - há espaço para errar – e, porque respeita os seus trabalhadores, concede-lhes autonomia e liberdade. Diz ainda: “Sou apaixonada por aquilo que faço, tenho muito orgulho do trabalho das pessoas da fábrica, são extraordinários. E o amor que têm à marca e à arte, transparece no seu dia-a-dia”. E também nos bons resultados da marca.

A maternidade recente levou-a a estar ainda mais atenta aos problemas das mulheres, aos problemas familiares. O facto de não haver vagas suficientes nas creches preocupa-a. E quando há greves são ainda as mulheres que ficam em casa para tomar conta dos filhos. Defende a “igualdade, a equidade e o respeito pelas diferenças, escolhas e liberdade dos outros. Trabalho todos os dias por isso e é aquilo que mais quero passar ao meu filho: respeito pelo outro”.

Admite ser uma consumidora de podcasts, que a acompanham nas tarefas domésticas. Recentemente, terminou uma pós-graduação em Gestão na Católica – e ficou, de novo, com tempo para praticar desporto de forma mais disciplinada. O último livro que leu foi A Breve Vida das Flores de Valérie Perrin, e começou a ler Carlos Ruiz Zafón.
Entre respeitar a tradição e conseguir inovar, Nádia Rodrigues espera que a Bordallo Pinheiro seja uma marca claramente identificável em todas as suas criações.
 
Claudia Schiffer desenhou a linha Cloudy Butterflies e também a Gudrun.
O objetivo é que a Bordallo seja uma Love Brand: uma marca centenária, que respeita o ADN do seu criador, que traga emoções às pessoas e que seja ao mesmo tempo divertida.

Para comemorar os 140 anos, foi lançada a Jarra com Lagostas.


 

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