A série Mulheres que Contam pretende dar a conhecer, na primeira pessoa, mulheres que se destacam. Neste episódio conheça a jornalista Maria Antónia Palla.
Maria Antónia Palla não gosta de dizer “direita e esquerda”. Prefere dividir as pessoas em “conservadoras e progressistas” – e está com as progressistas.
Rege-se, desde sempre, pelos princípios da igualdade, liberdade e fraternidade.
Defendeu os direitos da mulher acerrimamente, lutou pela legalização do aborto, ressalvando que as defensoras desta via falaram sempre, simultaneamente, no direito à contraceção. E recorda que em Portugal, ainda em 1976, se faziam por ano entre 100 mil a 300 mil abortos, a principal causa de morte materna.
E é clara: “O primeiro direito de uma criança é ter sido desejada”.
Maria Antónia Palla revisita O Século.
Viveu a sua fase mais feliz como jornalista no Século Ilustrado – a primeira mulher a fazê-lo -, percorrendo o país profundo em reportagem, na companhia dos fotógrafos Eduardo Gageiro e, mais tarde, Alfredo Cunha.
“A minha intenção era que tudo o que escrevesse fosse para revelar o que era o regime, o que era Portugal”.
“A minha intenção era que tudo o que escrevesse fosse para revelar o que era o regime, o que era Portugal”.
Apesar de ter trabalhado na televisão, prefere a imprensa, porque “uma coisa é ver, que é muito importante, mas outra coisa é ler”. Na questão da leitura, Portugal mantém um nível precário: “Mais de 50% de pessoas nunca leu um livro em Portugal! Pode-se falar da geração mais qualificada do mundo, dentro deste país, e o que leem essas pessoas consideradas mais qualificadas do que todas? A maior parte delas não lê. A não ser as leituras dirigidas àquela especialização que fizeram.”
A propósito de especializações, Maria Antónia Palla não é muito favorável às escolas de comunicação social que existem em Portugal, onde, na sua opinião, se aprende imensas coisas completamente inúteis. O que é preciso saber aprende-se em muito pouco tempo e, depois, pela experiência. O que o jornalista deve ter é “uma bagagem intelectual, cultural, para poder pegar num assunto e perceber que, para além da superfície, há muitas vezes um buraco muito fundo”. Mas reconhece que “dão pouco tempo ao jornalista para poder fazer isso, para trabalhar essas coisas”.
Fez o Liceu Francês e, depois, a Faculdade de Letras em Histórico-Filosóficas, um percurso privilegiado, e acha que isso a obrigava “a encontrar um meio de comunicar aos outros que, porventura, não tinham tido a oportunidade de aprender”.
Para Maria Antónia Palla, ser jornalista era um sonho. Entendeu sempre a profissão como “dar voz a quem não tem voz”.
Revisitou as histórias de violência que conheceu e reportou enquanto jornalista e, depois de investigar a questão da violência, Maria Antónia Palla publicou Só acontece aos outros.
Para Maria Antónia Palla, ser jornalista era um sonho. Entendeu sempre a profissão como “dar voz a quem não tem voz”.
Revisitou as histórias de violência que conheceu e reportou enquanto jornalista e, depois de investigar a questão da violência, Maria Antónia Palla publicou Só acontece aos outros.
Maria Antónia Palla é uma das Mulheres que Contam – para além de pioneira no jornalismo, foi a primeira mulher a assumir a presidência da Caixa de Previdência dos Jornalistas, a primeira como vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas e foi uma das fundadoras da Biblioteca Feminista Ana de Castro Osório, na Biblioteca Municipal de Belém, onde participou no lançamento público desta série, no Dia Internacional da Mulher, a 8 de Março de 2022. E foi também aqui que a entrevistámos.
Reveja a série de Maria Antónia Palla: Nome Mulher.