Mulheres que contam. Manuela Tavares e Teresa Sales

por Silvia Alves - RTP

A UMAR foi constituída em Setembro de 1976 - inicialmente União de Mulheres Antifascistas e Revolucionárias - agora, União de Mulheres Resposta e Alternativa. Surgiu no contexto do 25 de Abril de 1974, e da necessidade de lutar pelos direitos das mulheres.

Da sua agenda fazem parte velhas e novas causas: o espectro vai do direito à contracepção e ao aborto, passando pela luta contra a violência doméstica e as desigualdades económicas e sociais, até à luta contra o assédio, ou o isolamento nas aldeias, a questão do género e envelhecimento, e intervenções nas escolas sobre a Igualdade de Género e Prevenção da Violência de Género. A UMAR foi pioneira na criação de casas-abrigo e projectos de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica.
Depois da revolução, as mulheres juntaram-se nos bairros para lutar pelo direito a uma casa, por creches, por salários iguais, e pela alfabetização. Foi assim que Manuela Tavares, co-fundadora da UMAR e investigadora no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (ISCSP), começou.
A UMAR ligou as ativistas feministas às áreas de investigação sobre Estudos sobre as Mulheres, de Género e Feministas, de diversas universidades: é o que acontece com as “Faces de Eva”, na Universidade Nova de Lisboa, o mestrado em Estudos sobre as Mulheres, na Universidade Aberta, entre outras.

O Centro de Cultura e Intervenção Feminista é o único, fora das universidades, onde se pode consultar informação sobre a história e direitos das mulheres.

Aqui pode revisitar as últimas acções: 


Pode conhecer o projecto Coração Amarelo, uma IPSS fundada em 2000, por 7 mulheres da área social e criada para servir a comunidade, em especial as pessoas mais velhas que vivem em solidão e isolamento, com visitas quer em casa, no hospital ou em ERPI. Melhorar a vida da população idosa faz-se com voluntários.

Ou a colaboração entre a UMAR, a Associação CAIS, o @projetosomar.pt e a Associação Eu Cão Sigo – Intervenções Assistidas por Animais - que promoveu a partilha sobre diferentes experiências e desenvolvimento de competências pessoais e sociais, nomeadamente a comunicação e assertividade, a gestão emocional e a desconstrução dos papéis sociais de género. A sessão foi dirigida a mulheres em situação de vulnerabilidade social. Veja aqui:


Uma oficina sobre educação financeira, dirigida sobretudo a mulheres, com a dinamizadora Alice Djaló, empreendedora do projecto Mother and Leader in You, onde se aprende a trabalhar educação financeira, gestão emocional e saúde física. O principal objectivo desta oficina é o de ajudar as mulheres a gerirem melhor os seus rendimentos.
Ou as leituras partilhadas – que acontecem uma vez por mês - na realidade, no primeiro clube de leitura feminista do país.
O Centro participou também na criação da Biblioteca Feminista ‘Ana de Castro Osório’, situada na Biblioteca Municipal de Belém.

Teresa Sales coordena o projeto ‘Memória e Feminismos’.
São várias as publicações que dão voz a mulheres de todo o país – desde pescadoras a operárias, passando por professoras ou artistas – estão disponíveis em PDF, aqui https://www.cdocfeminista.org/historias-de-vida/.

A UMAR possui também o Centro de Documentação e Arquivo Feminista ‘Elina Guimarães’ (uma jurista que fez a ponte entre Ana de Castro Osório, da Primeira República, até ao 25 de Abril de 1974) rico em documentos, recortes, publicações e livros.

“A vitalidade da UMAR”, afirma a sua Presidente, Maria José Magalhães, “deve-se ao tipo de funcionamento, por grupos de trabalho, assente na autonomia dos núcleos, dos grupos e das equipas. Autonomia, independência e a auto-determinação constituem dimensões da luta feminista – e essas dimensões devem ser articuladas com a sororidade”.

Recentemente, em Março de 2024, a UMAR publicou o Manifesto Feminista Interseccional com 101 medidas em 10 áreas de intervenção: violências de género; saúde e direitos sexuais e reprodutivos; educação para a igualdade de género, contra o racismo, a homofobia e a xenofobia; mulheres, trabalho e poder; direito à habitação; mulheres e velhice; ambiente e direitos das mulheres; apoio às mulheres migrantes, refugiadas, traficadas; promoção da igualdade nas questões LGBTQIAPN+; mobilidade, acessibilidade e cultura, com um destaque para a cultura.

“Nós, mulheres, celebramos o 25 de Abril de 1974 como um tempo de grandes mudanças para as nossas vidas.
Lutámos para que as leis da igualdade de género fossem aplicadas e continuamos a lutar!
Nos tempos atuais, constatamos que para tal é necessário falar de um feminismo interseccional que interliga as lutas contra todas as opressões no que se refere ao género, à classe social, à “raça”, à orientação sexual, identidade e expressão de género, à região de origem, à diversidade funcional, à idade.”



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