Morreu realizador Ettore Scola, aos 84 anos

por Graça Andrade Ramos - RTP
Ettore Scola no festival de Cinema de Veneza, onde apresentou o seu último filme 'Que estranho chamar-se Frederico - Scola fala de Felini', a 6 de setembro de 2013 Alessandro Bianchi - Reuters

Ettore Scola, nascido em 1931, era considerado um dos grandes mestres do cinema italiano, tendo dirigido Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Vittorio Gassman e Nino Manfredi.

O maestro, como lhe chamaram os jornais italianos, estava internado no serviço de cirurgia cardiovascular da Policlínica de Roma, o maior hospital da cidade, onde estava em coma desde domingo.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, reagiu de imediato à notícia da morte do cineasta, manifestando tristeza pela morte deste "mestre na arte de observar com acuidade a Itália, a sua sociedade e as suas mudanças".

Entre as obras mais conhecidas de Ettore Scola encontram-se Nós que nos amávamos tanto (C'eravamo tanti amati - 1974), Feios, Porcos e Maus (Brutti, sporchi e cattivi - 1976), Um dia muito especial (Una giornata particolare - 1977) ou A história de um jovem homem pobre (Romanzo di un giovane povero - 1995).

Com O Baile (Le Bal - 1983), ganhou o Prémio César de melhor realizador (estava também indicado para Melhor Filme) e o Urso de Prata.

Ganhou outro César, de Melhor Filme Estrangeiro, por Nós que nos amávamos tanto e por Um dia muito especial, este com Marcello Mastroianni e Sophia Loren e considerada por muitos a sua maior obra-prima.

No Festival de Cannes foi Melhor Diretor por Feios, Porcos e Maus, e Melhor Argumento por O Terraço - 1980.

Com Casanova e a Revolução (La nuit de Varennes - 1982) foi nomeado para a Palma de Ouro em 1982 e venceu o Prémio David di Donatello 1983 nas categorias de melhor argumento (Ettore Scola e Sergio Amidei).

Nascido em Trevico a 10 de maio de 1931, Ettore Scola estudou Direito em Roma, passando depois ao jornalismo e à rádio.

Entre 1954 e 1963 escreveu argumentos para cinema, tendo-se estreado como realizador em 1964, com a comédia Fala-se de mulheres (Se permettete parliamo di donne).

Realizador de mais de quatro dezenas de filmes, entre os quais documentários, Ettore Scola foi ainda autor de cerca de 80 histórias ou guiões cinematográficos.

Membro do Partido Comunista Italiano, chegou a ser ministro para a Cultura num governo-sombra formado por dirigentes comunistas, em 1989.

Ettore Scola era o mais "político" dos mestres do cinema italiano, considerou esta noite o crítico de cinema do Corriere della Sera, Paolo Mereghetti, na tv Sky TG24.
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