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Morreu Quincy Jones, lendário produtor de "Thriller" de Michael Jackson

por Carla Quirino - RTP
Jean-Chiristophe Bott - EPA

O produtor musical e compositor Quincy Jones morreu este domingo aos 91 anos, confirmou o assessor do artista. O músico deixa um vasto legado, desde a produção do histórico álbum "Thriller", de Michael Jackson, a colaborações com Frank Sinatra, Ray Charles, Ella Fitzgerald e centenas de outros artistas. Durante os 70 anos de carreira, ganhou 28 Grammys, dois Óscares e um Emmy.

"A música era a única coisa que eu podia controlar. Era o único mundo que me oferecia liberdade", afirmou Quincy Jones na sua autobiografia.

Nascido em Chicago, no Estado norte-americano do Illinois, a 14 de março de 1933, as primeiras memórias musicais de Quincy Delight Jones Jr. foram os hinos religiosos que a mãe, Sarah Frances, cantava. 

Aos sete anos, Jones viu a mão ser internada com diagnóstico de esquizofrenia e sentiu que o mundo tinha ficado "sem sentido". Já adolescente, envolveu-se com gangues de Chicago até descobrir o gosto em tocar piano na casa de um vizinho. 

“Foi aí que comecei a encontrar paz. Tinha 11 anos. Sabia que isto era para mim. Para sempre”, escreveu na autobiografia “Q” (inédita em Portugal), citada pela Rolling Stone.

A música entranhou-se. Passou depois a interessar-se pelo som do trompete. Foi quando conheceu e tornou-se amigo do então jovem músico Ray Charles.

Jones foi um dos primeiros executivos negros a prosperar em Hollywood. Estudante de música em Seattle e depois em Boston, mudou-se para Nova Iorque, onde tocou com Elvis Presley e conheceu nomes maiores do jazz como Charlie Parker e Miles Davis. Com 23 anos, foi diretor musical de Dizzy Gillespie.

Na década de 1960, já com a carreira estabelecida, tornou-se vice-presidente da etiqueta Mercury. Em 1971, tornou-se o primeiro diretor musical negro de uma cerimónia dos Óscares.

O músico e produtor acumulou um vasto catálogo que inclui alguns dos momentos mais notados da música norte-americana. Durante a carreira alcançou uma extensa lista de prémios, com 28 Grammys, dois Óscares honorários e um Emmy."Thriller". Grammy em 1984
Jones foi responsável por produzir alguns dos álbuns de maior sucesso de Michael Jackson: "Off The Wall" (1979), "Thriller" (1983) e "Bad" (1987). Estes foram os primeiros discos do "Rei do Pop", já a solo, após o grupo The Jackson Five, que integrava com os irmãos.

O álbum "Thriller" vendeu mais de 20 milhões de cópias apenas no ano de lançamento e, desde então, figura entre os discos mais vendidos de todos os tempos. Entre várias ideias de Jones, estiveram o convite ao ator Vincent Price para a introdução da faixa-título e o solo do guitarrista Eddie Van Halen, em "Beat It".
 

"We are the world", em 1985

Quincy Jones assinou a produção musical de "We are the world", em 1985, que reuniu artistas norte-americanos para single contra pobreza na África. Lionel Richie, que compôs a faixa com Michael Jackson, classificou Jones como o "mestre orquestrador".

Além de Michael Jackson e Lionel Richie, a iniciativa teve a participação de 40 artistas, entre os quais Bob Dylan, Billy Joel, Stevie Wonder, Cindy Lauper e Bruce Springsteen.


 
No vasto legado de Jones, entre produção e composição estão ainda bandas sonoras premiadas para cinema (como “A Cor Púrpura”) e televisão, a colaborações com Frank Sinatra, Ray Charles, Ella Fitzgerald, Count Basie, Lionel Hampton, Billy Holiday, Louis Armstrong, Tony Bennett, Donna Summer, Sarah Vaughn e centenas de outros artistas.Aos 91, parte Quincy Jones


O assessor do músico, Arnold Robinson, decarou que Jones morreu rodeado pela família na sua casa em Bel Air, Los Angeles.

"Com corações cheios, mas partidos, devemos partilhar a notícia do falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones", disse a família, em comunicado. "E, embora esta seja uma perda incrível para a nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele".

Relembra-se Jones como um compositor que afirmava que a música era o único mundo onde encontrava liberdade: "Eu não tinha que procurar por respostas. As respostas não estavam para além do som do meu trompete e das minhas partituras rabiscadas a lápis. A música fez-me completo, forte, popular, autoconfiante".

c/ agências

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