Morreu o escultor João Cutileiro

por RTP
Lusa

Morreu esta madrugada o escultor João Cutileiro. Tinha 83 anos.

Escultor e ceramista português, João Cutileiro nasceu a 26 de junho de 1937, em Lisboa.

Entre as várias obras que criou, destaque para o Monumento ao 25 de Abril, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.

João Cutileiro era irmão do diplomata e antropólogo José Cutileiro, que morreu há menos de um ano, em maio de 2020.

Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual ("Tentativas Plásticas") em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.

João Cutileiro foi condecorado com a Ordem de Sant'Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.

Em 2018, Cutileiro recebeu a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo, numa cerimónia no Museu de Évora que serviu igualmente para formalizar a doação do espólio do escultor ao Estado português.
Nas últimas décadas viveu em Évora, onde apadrinhou muitos artistas mais jovens e expôs a sua obra. Doou o seu espólio à Direção Regional de Cultura do Alentejo, à Universidade de Évora e à Câmara Municipal.
Presidente da República enfatiza revisitação mordaz da História e das mitologias
“João Cutileiro nunca foi indiferente, nem nunca nos deixou indiferente”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa numa nota publicada no site da Presidência da República.

Nascido numa família culta, com forte ligação ao Alentejo, irmão do futuro diplomata e escritor José Cutileiro, viveu em Lisboa, onde conheceu bem o meio literário e artístico. “O surrealismo interessou-o, a política tentou-o, as viagens ao estrangeiro abriram-lhe horizontes”, acrescenta o Presidente.

Estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e de seguida, escapando ao academismo, em Londres, na Slade School of Arts. Começou a expor na década de 1960.

“O seu trabalho como escultor, mas também como fotógrafo, é marcado pelas revisitações do imaginário nacional e por um franco erotismo. As figuras históricas destinadas ao espaço público, nomeadamente o “Dom Sebastião de Lagos” (1973), mas também o monumento ao 25 de Abril, no alto do parque Eduardo VII, em Lisboa, assumiram uma vontade de revisitação terra-a-terra, mordaz, da História e das mitologias nacionais”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa.

“Tive o privilégio de com ele privar em certa época, num ambiente de amizade”, conclui, apresentando condolências à família.
Escultura tornou-se contemporânea, diz PM
“Com João Cutileiro, a escultura portuguesa tornou-se contemporânea”, refere o primeiro-ministro nas redes sociais. “

Trabalhando predominantemente com mármore, as suas obras públicas contribuíram para renovar o espaço público em Portugal e dessacralizar a estatuária”, refere António Costa.


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