Rio de Janeiro, 17 dez (Lusa) -- Joasinho Trinta, 78 anos, um dos encenadores dos desfiles carnavalescos apontado como renovador da tradição, nos finais da década de 1980, morreu hoje em S. Luís do Maranhão (nordeste) de onde era natural.
Joasinho Trinta foi o "carnavalesco", nome pelo qual são conhecidos os encenadores/criativos dos desfiles de Carnaval no sambódromo carioca, durante 17 anos da Escola de Samba Beija-Flor.
Trinta morreu na sequência de uma pneumonia e uma infeção urinária, segundo o boletim clínico divulgado pela AFP, e o seu funeral realiza-se na segunda-feira de manhã.
Joasinho Trinta venceu vários desfiles carnavalescos e foi autor de carros alegóricos de grande riqueza e exuberância decorativas, justificando que "os pobre não gostam da pobreza, gostam do luxo, quem ama a pobreza são os ricos e os intelectuais".
Uma carreira que foi marcada por algumas polémicas, nomeadamente com a Igreja Católica, quando, em 1989, a Beija-Flor fez rodar no sambódromo um carro alegórico com um enorme Cristo mendigo. Para ultrapassar a polémica, Trinta cobriu a escultura com um plástico negro.
A Beija-Flor ficou em segundo lugar nesse ano, mas segundo afirma hoje o jornal Folha de S. Paulo, aquele desfile ficou na memória como "um dos mais emotivos".
Outra polémica, em 2004, que a Igreja também censurou, foi ter colocado Adão e Eva a fazerem sexo sob um pano, quando o tema do desfile era "Vamos nos cobrir da camisinha de Vénus"
Nascido em 1933, Joasinho Trinta foi viver para o Rio de Janeiro aos 18 anos, como bailarino do prestigiado Teatro Municipal, o palco operático carioca.
Atualmente, trabalhava num projeto do secretariado de Cultura de S. Luís de Maranhão para as comemorações, no próximo ano, dos 400 anos da fundação da cidade pelos franceses.