Morreu Maria Guinot, cantora, compositora e pianista

por RTP
Maria Guinot foi considerada uma referência para cantores RTP

A cantora, compositora e pianista Maria Guinot, que representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1984 com "Silêncio e Tanta Gente", morreu este sábado aos 73 anos.

Maria Adelaide Fernandes Guinot Moreno nasceu em Lisboa, a 20 de junho de 1945, tendo ido viver com a família para o Barreiro. Teve formação musical clássica e iniciou a carreira no final da década de 1960.

As primeiras gravações, "Criança Loura", "A Canção Que Eu Canto", "La Mère Sans Enfant" e "Toi, Mon Ami", revelam-na como autora de baladas.

Pouco depois, lança um segundo disco, com canções como "Balada do Negro Só", "Silêncios do Luar", "Escuta Menino", "Poema de Inverno". Apesar de ouvida na rádio, ficou afastada dos palcos durante vários anos.

Em 1981, concorreu ao Festival RTP da Canção com o tema "Um Adeus, Um Recomeço". Ficou na terceira posição. No mesmo ano editou novo disco e deu a conhecer as canções: "Falar Só Por Falar", "Vai Longe O Tempo", "Um Viver Diferente".

Voltou a concorrer ao Festival RTP da Canção em 1984, com "Silêncio e Tanta Gente". Em solidariedade com os músicos em greve, Maria Guinot recusou o playback instrumental adotado nessa edição, e acompanhou-se a si mesma ao piano.

Como vencedora do festival foi representar Portugal no Festival da Eurovisão, tendo ficado em 11º lugar.

"Homenagem às mães da Praça de Maio" foi composto em 1986, para assinalar os 10 anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam conhecer o paradeiro dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

A canção, incluída no duplo álbum da CGTP-Intersindical "Cem anos de Maio", foi uma das 'bandeiras' do programa "Deixem Passar a Música", da RTP.

No programa, transmitido pela RTP entre 1986 e 1988 e que apresentava concertos dos artistas portugueses mais populares da época, Guinot cantou grande parte do seu repertório, destacando-se a "Saudação a José Afonso", canção recusada pelo júri do Festival da Canção de 1986.

"Não podia deixar passar esta oportunidade de homenagear um homem como José Afonso", disse Maria Guinot no programa, emitido pouco antes da morte do compositor de "Grândola, Vila Morena". "A orquestração de José Mário Branco é de desespero e de raiva", acrescentou.

Em 1987, lançou o primeiro álbum, "Esta Palavra Mulher", ao qual de segue "Maria Guinot", em 1991. O disco tem a produção de José Mário Branco e a participação de músicos como a violoncelista Irene Lima, o contrabaixista Carlos Bica, o saxofonista Edgar Caramelo e o percussionista João Nuno Represas.

Maria Guinot editou o último disco "Tudo Passa", em 2004.

Os três AVC que sofre em 2010 impossibilitaram-na de tocar piano. Recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores no ano seguinte.

A ultima aparição publica de Maria Guinot foi em 2014, novamente no Festival da Canção, quando foi homanegeada pela RTP.

Carlos Alberto Moniz, cantor e compositor, considera Maria Guinot uma referência para cantores.


Ao longo da vida artística, Maria Guinot colaborou com nomes como José Mário Branco, Carlos Mendes, Antonio Vitorino d'Almeida e Manuel Freire.

Em declarações à Antena 1, Carlos Alberto Moniz recorda uma artista completa e sempre disponível.

O velório vai realizar-se a partir das 17:00 de domingo na Igreja da Parede (Cascais) e as cerimónias fúnbebres estão marcadas para as 10:45 de segunda-feira, seguindo depois o funeral para o cemitério de Barcarena, disse à Lusa fonte da Paróquia da Parede.

C/ Lusa

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