Morreu Fiama Hasse Pais Brandão, grande nome da escrita poética portuguesa

Poetisa, dramaturga, ficcionista, ensaísta e tradutora, Fiama Hasse Pais Brandão ficará para a história da literatura portuguesa como uma autora reconhecidamente multifacetada, cuja extensa obra lhe valeu diversos prémios.
A escritora morreu sexta-feira às 21:00, com 69 anos de idade, vítima de doença prolongada, disse à Lusa o responsável da editora Assírio e Alvim, Manuel Rosa.
Fiama Hasse Pais Brandão, cujo último livro, "Contos da Imagem" (2005), foi distinguido com o Prémio da Associação de Críticos Literários, revelou-se em "Poesia 61", ao lado de outros grandes nomes da actual escrita poética portuguesa.
Embora não fosse propriamente um movimento literário - a antologia poética então lançada com esse título não ambicionava tal estatuto -, "Poesia 61" consagrou, desde logo, uma profunda alteração na forma de se dizer poesia em Portugal.
Aplaudida por alguns, mas acolhida por outros com indiferença, se não mesmo com a mais hostil das rejeições, "Poesia 61" foi o "berço" de algumas das mais notáveis vozes da poesia portuguesa da actualidade, uma das quais precisamente Fiama.
A intensidade da sua voz poética, o rigor e a depuração formal, sem cedências, evidenciaram-se logo no seu segundo título, "Barcas Novas", em que o leitor atento de então percebeu a alusão à guerra colonial, embora sem qualquer registo panfletário a desvirtuar a essencialidade poética.
Nascida em 1938 em Lisboa, o seu percurso como escritora foi se consolidando ao longo dos anos, com uma produção diversificada na poesia, teatro, ficção, ensaio e tradução, cuja qualidade a crítica atenta tem realçado e alguns importantes prémios têm distinguido.
Alguns dos seus títulos na poesia são: "O Texto de João Zorro" (1974), "Novas Visões do Passado" (1975), "Homenagemàliteratura" (1976), "Área Branca" (1979), "Três Rostos" (1989), "Epístolas e Memorandos" (1996) e, mais recentemente, "As Fábulas" (2002).
Em prosa, escreveu, entre outros, "O Retratado" (1976), "Falar sobre o Falado" (1989) e "Movimento Perpétuo" (1990) e para teatro, "Os Chapéus-de-Chuva" (1960), "O Testamento" (1962), "Poe ou o Corvo" (1979), "Quem Move as Árvores" (1979) e "Noites de Inês-Constança" (2005).
Na lista de galardões literários da autora incluem-se o Prémio de Revelação de Teatro da Sociedade Portuguesa de Escritores (1961), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1986), o Prémio D. Dinis de Poesia e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, estes dois últimos no mesmo ano (1996), para "Epístolas e Memorandos", e o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários pelo conjunto da obra (2005).
Sobre a sua obra poética escreveu o também poeta António Ramos Rosa: "Fiama sente a inextricável complexidade do mundo e a sua perplexidade perante ela é permanente, embora não passiva. Essa perplexidade não paralisa a investigação activa do real, antes parece estimulá-la e desenvolvê-la".
Por sua vez, o poeta Gastão Cruz, com quem foi casada, afirma que, "ao longo de 30 anos, a poesia de Fiama Hasse Pais Brandão mais não fez do que aprofundar as relações entre a linguagem e o mundo, entre as palavras e a vida, entre as imagens linguísticas e as imagens reais".
Os textos teatrais da autora são, na opinião do crítico Manuel João Gomes, "assumidamente literários mas irreprimivelmente teatrais, buscam o específico teatral sem desmentir a poesia, buscam o poético enquanto se esforçam por falar do real".
Fiama Hasse Pais Brandão, cujo último livro, "Contos da Imagem" (2005), foi distinguido com o Prémio da Associação de Críticos Literários, revelou-se em "Poesia 61", ao lado de outros grandes nomes da actual escrita poética portuguesa.
Embora não fosse propriamente um movimento literário - a antologia poética então lançada com esse título não ambicionava tal estatuto -, "Poesia 61" consagrou, desde logo, uma profunda alteração na forma de se dizer poesia em Portugal.
Aplaudida por alguns, mas acolhida por outros com indiferença, se não mesmo com a mais hostil das rejeições, "Poesia 61" foi o "berço" de algumas das mais notáveis vozes da poesia portuguesa da actualidade, uma das quais precisamente Fiama.
A intensidade da sua voz poética, o rigor e a depuração formal, sem cedências, evidenciaram-se logo no seu segundo título, "Barcas Novas", em que o leitor atento de então percebeu a alusão à guerra colonial, embora sem qualquer registo panfletário a desvirtuar a essencialidade poética.
Nascida em 1938 em Lisboa, o seu percurso como escritora foi se consolidando ao longo dos anos, com uma produção diversificada na poesia, teatro, ficção, ensaio e tradução, cuja qualidade a crítica atenta tem realçado e alguns importantes prémios têm distinguido.
Alguns dos seus títulos na poesia são: "O Texto de João Zorro" (1974), "Novas Visões do Passado" (1975), "Homenagemàliteratura" (1976), "Área Branca" (1979), "Três Rostos" (1989), "Epístolas e Memorandos" (1996) e, mais recentemente, "As Fábulas" (2002).
Em prosa, escreveu, entre outros, "O Retratado" (1976), "Falar sobre o Falado" (1989) e "Movimento Perpétuo" (1990) e para teatro, "Os Chapéus-de-Chuva" (1960), "O Testamento" (1962), "Poe ou o Corvo" (1979), "Quem Move as Árvores" (1979) e "Noites de Inês-Constança" (2005).
Na lista de galardões literários da autora incluem-se o Prémio de Revelação de Teatro da Sociedade Portuguesa de Escritores (1961), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1986), o Prémio D. Dinis de Poesia e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, estes dois últimos no mesmo ano (1996), para "Epístolas e Memorandos", e o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários pelo conjunto da obra (2005).
Sobre a sua obra poética escreveu o também poeta António Ramos Rosa: "Fiama sente a inextricável complexidade do mundo e a sua perplexidade perante ela é permanente, embora não passiva. Essa perplexidade não paralisa a investigação activa do real, antes parece estimulá-la e desenvolvê-la".
Por sua vez, o poeta Gastão Cruz, com quem foi casada, afirma que, "ao longo de 30 anos, a poesia de Fiama Hasse Pais Brandão mais não fez do que aprofundar as relações entre a linguagem e o mundo, entre as palavras e a vida, entre as imagens linguísticas e as imagens reais".
Os textos teatrais da autora são, na opinião do crítico Manuel João Gomes, "assumidamente literários mas irreprimivelmente teatrais, buscam o específico teatral sem desmentir a poesia, buscam o poético enquanto se esforçam por falar do real".