O actor norte-americano Christopher Reeve, que se notabilizou pelos seus papéis de "Super-Homem" no cinema, morreu domingo, aos 52 anos, na sequência de uma paragem cardíaca, anunciou hoje o seu agente.
Christopher Reeve, que se encontrava tetraplégico há nove anos devido a uma queda sofrida durante um evento equestre em 1995, morreu às 17:30 locais de domingo (22:30), no hospital de Northern Westchester, perto de Nova Iorque, onde dera entrada na véspera após ter entrado em estado de coma, precisou o agente, Wesley Combs.
A complicação que provocou a paragem cardíaca é comum em pessoas paralisadas.
Casado e pai de três filhos, Christopher Reeve deu o seu nome a uma fundação de angariação de fundos para a investigação na área das lesões cervicais e tornou-se um acérrimo defensor dos direitos dos deficientes.
"Em nome da minha família, quero agradecer ao Northern Westchester Hospital pelos excelentes cuidados prestados ao meu marido", afirmou Dana Reeve, a mulher de Christopher Reeve, em comunicado.
"Também quero agradecer ao seu 'staff' pessoal de enfermeiros e auxiliares, assim como aos milhões de fãs de todo o Mundo que ajudaram o meu marido ao longo dos anos", acrescentou.
Em Maio de 1995, Christopher Reeve caiu de um cavalo durante uma competição equestre em Culpeper, Virgínia, e partiu o pescoço.
Apesar deste acidente quase fatal, que o deixou paralisado do pescoço para baixo e com enormes dificuldades respiratórias, Reeve voltaria ao mundo do cinema em 1998, num "remake" do famoso filme de suspense de Alfred Hitchcock "Janela Indiscreta", em que um homem numa cadeira de rodas, que se entretém a vigiar a vizinhança, se convence de que uma vizinha foi assassinada.
"Temia que, ao representar apenas com a minha voz e a minha face, não conseguisse comunicar de forma suficientemente eficaz para contar a minha história", disse então Christopher Reeve. "Mas fiquei surpreendido ao descobrir que se estivesse realmente concentrado, e deixasse as coisas acontecer, poderiam 'ler' a minha face. Com tantos grandes planos, sabia que cada pensamento contava", acrescentou.
Em 2000, Reeve conseguiu voltar a mexer o dedo indicador e voltou a ganhar alguma sensibilidade em várias partes do corpo.
Christopher Reeve, que aos 16 anos já era membro do sindicato de actores, após actuar em peças de teatro na escola, será sempre recordado pelo seu papel de "Super-Homem", que desempenhou pela primeira vez em 1978, apesar de na altura ser praticamente um desconhecido. Ao papel candidataram-se cerca de duas centenas de actores.
A sua compleição física (1,93 metros) e gosto pela aventura contribuíram decisivamente para que lhe fosse atribuído o papel, e Christopher Reeve fazia questão de protagonizar ele próprio as cenas para as quais era aconselhado um "duplo".
Voltaria a "encarnar" o papel de Super-Homem em mais dois filmes, mas esforçou-se por largar a "capa" do herói, e na década de 80 participou em diversos filmes, como "Fifth of July", "Somewhere in Time" e "Deathtrap".
Entre outros títulos a que o seu nome ficou associado figuram os filmes "Village os the Damned", de John Carpenter, "Above Suspiction" e "In the Gloaming", que realizou.
Além do papel de Super-Homem, Reeve será sempre recordado pela forma como lutou pela melhoria das condições de vida das pessoas com deficiência física e pelo seu apoio aos esforços na área da investigação científica, nomeadamente no campo das células embrionárias, que se tornou de resto assunto de campanha nas Presidenciais norte-americanos, tendo mesmo o nome de Christipher Reeve sido mencionado pelo candidato democrata John Kerry no mais recente debate com George W. Bush.
Meses após o acidente de cavalo, Reeves confidenciou que nos primeiros dias pensou insistentemente no suicídio, mas que rapidamente superou a ideia, ao ver os seus filhos.
"Pude ver o quanto necessitavam de mim e me queriam... e a sorte que tínhamos por o meu cérebro estar a funcionar em pleno", disse então Christopher Reeve.
