Monge mumificado dentro de estátua budista

por Ana Sofia Rodrigues, RTP
Drents Museum

Sentado na posição de Lótus, o corpo mumificado de um monge encaixa na perfeição dentro da estátua budista. Uma tomografia computorizada pedida pelo 'Drents Museum', na Holanda, revelou esta imagem impressionante de um monge que se terá auto-mumificado há cerca de um milénio.

Brilhando dentro da estátua, surge um esqueleto humano que se presume ser de Liuquan, um mestre budista da Escola Chinesa de Meditação, que viveu por volta do ano 1100. Os investigadores do 'Drents Museum', sob a direção do especialista Erik Brujin, já sabiam haver ali restos mortais de uma pessoa. Não imaginavam que a múmia estivesse tão perfeitamente encaixada na estrutura da estátua. É caso único.



Além daquele exame, foi feita ainda uma endoscopia, inserindo cuidadosamente uma câmara na múmia. Fizeram uma nova descoberta surpreendente. No lugar dos órgãos que foram retirados, encontraram pequenos pedaços de papel, com palavras em chinês. “Pensamos que o corpo foi adorado num templo como múmia e só depois, no século XIV é que se transformou numa estátua”, adianta van Vilsteren.

O diretor de arqueologia do 'Drents Museum', Vincent van Vilsteren, confessa à FoxNews.com que, enquanto a múmia terá cerca de mil anos, foi encontrado um manuscrito do século XIV na base do corpo que adianta algumas pistas arqueológicas. Há mais exames a decorrer, como por exemplo, testes de ADN.

Esta estátua foi comprada em 1996, por um colecionador privado holandês. O seu “conteúdo” era desconhecido na altura. A múmia foi descoberta no ano seguinte, enquanto especialistas estavam a restaurar aquela peça. O proprietário quererá agora fazer uma reconstrução em tamanho real, razão para se ter feito um scan em três dimensões.

A estátua está agora em exposição no Museu Nacional de História Natural, em Budapeste.
Auto-mumificação
Os responsáveis do museu acreditam que estamos perante um processo de auto-mumificação, um processo chamado “tukdam” que conduziria ao estado de “Buda vivo”. É crença que a mumificação não é a morte, mas sim um estado espiritual avançado.
De centenas de monges que tentaram este processo horrificante, poucos conseguiram de facto a auto-mumificação e foram venerados em templos, revela o Discovery News.
Praticada sobretudo no Japão, a auto-mumificação era um processo duro que requeria que um monge seguisse uma dieta de 1000 dias de nozes e sementes, a que se seguiria mais um período de dieta de 1000 dias à base sobretudo de raízes.

No fim deste período, o monge começaria a beber um chá venenoso, que provocaria vómitos continuados e tornaria o corpo demasiado venenoso para ser consumido por bactérias e insectos. Seria então fechado num túmulo de pedra, onde aguardaria a morte, em meditação, na posição de lótus. Após outros 1000 dias, o túmulo seria aberto para verificar se o corpo se tinha mumificado.
Múmia com duzentos anos encontrada na Mongólia
A atenção para esta "estátua-múmia" disparou, motivada ainda pelo interesse gerado por uma outra descoberta há cerca de um mês: os restos mortais de um monge, também na posição de lótus, num estado de conservação impressionante.



As análises forenses dizem que terá cerca de duzentos anos. Foi encontrado numa província da Mongólia, atraindo um imenso interesse mediático.
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