Mia Couto vence Prémio PEN/Nabokov 2025 para literatura internacional

por Lusa

O escritor moçambicano Mia Couto venceu hoje o Prémio PEN/Nabokov 2025, tornando-se o primeiro autor de língua portuguesa a ser distinguido com este galardão do PEN América destinado à literatura internacional, revelou a editorial Caminho.

"O PEN America atribui o Prémio PEN/Nabokov de Literatura Internacional ao eminente escritor moçambicano Mia Couto pelo conjunto da sua obra. Couto é admirado por romances como `Terra Sonâmbula` (1992) e, mais recentemente, a trilogia `As Areias do Imperador` (2015, 2016 e 2018), selecionada para o Prémio Booker Internacional", lê-se no comunicado do PEN norte-americano, citado pela editora.

De acordo com o júri do prémio, o trabalho de Mia Couto é um testemunho da dramática história da sua pátria, "bem como dos enigmas da identidade e da existência".

Mia Couto, que escreve em português, ocupa "uma posição singular no panorama das literaturas africana e mundial", acrescenta o júri.

O Prémio PEN/Nabokov de Literatura Internacional, no valor de 50 mil dólares (cerca de 45 mil euros), é concedido anualmente pelo PEN America, em colaboração com a Fundação Literária Vladimir Nabokov, a um autor vivo cujo corpo de trabalho, escrito ou traduzido para inglês, representa o mais alto nível de realização em ficção, não-ficção, poesia e/ou drama, segundo informação do `site` oficial do galardão.

O prémio celebra autores cuja obra demonstra "originalidade duradoura e artesanato consumado", evocando a versatilidade e o compromisso com a literatura, características da escrita de Vladimir Nabokov, acrescenta.

Fundado em 2016, este prémio distinguiu anteriormente os escritores Maryse Conde, Vinod Kumar Shukla, Ngugi wa Thiong`o, Anne Carson, M. NourbeSe Philip, Sandra Cisneros, Edna O`Brien e Adonis.

Em setembro do ano passado, Mia Couto foi distinguido com o Prémio FIL (Feira Internacional do Livro de Guadalajara) de Literatura em Línguas Românicas 2024.

Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, trabalhou como jornalista e professor, e atualmente é biólogo e escritor.

Prémio Camões em 2013, Mia Couto é autor, entre outros, de "Jesusalém", "O Último Voo do Flamingo", "Vozes Anoitecidas", "Estórias Abensonhadas", "Terra Sonâmbula", "A Varanda do Frangipani" e "A Confissão da Leoa".

Traduzido em mais de 30 línguas, o escritor foi igualmente distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2011, pelo conjunto da obra, entras outras distinções.

"Terra Sonâmbula" foi eleito um dos 12 melhores livros africanos do século XX, e "Jesusalém" esteve entre os 20 melhores livros de ficção mais publicados em França, na escolha da rádio France Culture e da revista Télérama.

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