Merkel destaca exemplo encorajador dos três vencedores do Prémio Gulbenkian

por Lusa

A presidente do júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, Angela Merkel, considerou hoje encorajador o trabalho dos três vencedores, que demonstra que as populações das zonas mais afetadas não se conformam com os efeitos das alterações climáticas.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi este ano atribuído a três ativistas climáticos provenientes de diferentes países do chamado sul global, reconhecendo a liderança climática no restauro de ecossistemas na Indonésia, Camarões e Brasil.

"É um sinal encorajador e necessário tendo em conta que o sul global é especialmente afetado pelas consequências das alterações climáticas, sendo simultaneamente quem menos contribui para a sua origem", sublinhou a antiga chanceler alemã, que é desde o ano passado presidente do júri do Prémio.

Bandi `Apai Janggut`, líder da comunidade Sungai Utik, na Indonésia, foi, nos últimos 40 anos, mentor da luta da sua comunidade pelo reconhecimento do direito à terra onde vivem. Cécile Bibiane Ndjebet, natural dos Camarões, é defensora da igualdade de género e o direito das comunidades à floresta e aos seus recursos naturais. Lélia Wanick Salgado, ambientalista, `designer` e cenógrafa brasileira, cofundou, em 1998, o Instituto Terra, dedicado à recuperação da floresta atlântica do Brasil.

O nome dos três vencedores da quarta edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi anunciado hoje por Angela Merkel, numa cerimónia que decorreu ao final da tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde participou também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Antes de entregar o prémio, a presidente do júri considerou o trabalho dos três ambientalistas "impressionante e encorajador", afirmando que "provaram que vale a pena lutar pelos direitos da natureza".

Recordando os impactos particularmente duros nas zonas do hemisfério sul, Angela Merkel destacou a resiliência de Bandi, Cécile e Lélia, sinal de que "muitos dos afetados nos locais em questão não se conformam com o seu destino e tornam-se ativos para melhorar as suas condições de vida e para contrariar, de forma ativa, as consequências das alterações climáticas".

Por outro lado, Angela Merkel destacou a importância de iniciativas individuais e ao nível local para o combate às alterações climáticas, além dos acordos e convenções internacionais, por muito pequenas que essas ações possam parecer.

"Mesmo que o contributo individual possa parecer pequeno, são um exemplo e inspiração para muitas pessoas nos vossos países e espero que, através deste prémio, a nível mundial", acrescentou.

No valor de um milhão de euros, o Prémio Calouste Gulbenkian distingue pessoas ou organizações que "contribuem com a sua liderança para enfrentar os grandes desafios atuais da humanidade - as alterações climáticas e a perda de biodiversidade".

O júri, liderado pela antiga chanceler alemã Angela Merkel, selecionou estas três personalidades entre 143 nomeados, oriundos de 55 países e de todos os continentes.

Os vencedores foram escolhidos pela sua liderança e trabalho incansável, ao longo de décadas, no restauro de ecossistemas vitais - florestas, paisagens e mangais -, e na proteção de territórios em conjunto com as comunidades locais.

Esta é a quarta edição do prémio, que foi atribuído pela primeira vez em 2020 à jovem ativista sueca Greta Thunberg.

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