Em reação à notícia do falecimento do artista português, o ex-editor de Marco Paulo, David Ferreira, relembra o cantor como "uma voz excecional". E para o investigador musical João Callixto, o sucesso de Marco Paulo explica-se "logo pela voz extraordinária" e pela persistência do cantor e de com quem trabalhava.
"O Marco Paulo tinha uma voz excecional", começou por dizer em reação à notícia. "A voz do Marco Paulo é uma voz excecional em qualquer lado. E depois juntava a isso uma vontade enorme de chegar ao público".
Vontade que, segundo o antigo editor do artista, talvez se explique pelas "origens humildes" ou pelas "dificuldades em se afirmar".
"O facto é que Marco Paulo tinha uma vontade incrível. Num espetáculo do Marco Paulo percebia-se a energia que ele punha", reforçou David Ferreira. "Uma voz excecional, com aquela vontade, um profissionalismo, naquela altura era raro entre nós". Para o editor havia ainda a questão do reportório do artista, que teve muito a contribuição de Mário Martins, que "apoiou Marco Paulo mesmo na altura em que ninguém queria saber" e teve "uma batalha quase solitária a afirmar o Marco Paulo", procurando êxitos que se pudessem adequar à voz do cantor português. Também o letrista António José contribuiu, recordou ainda David Ferreira, fazendo "letras que faziam as canções passar por novas".
Houve uma altura em que as músicas de Marco Paulo não passavam nem na televisão, contou o ex-diretor, "até que em 1978, uma canção chamada "Ninguém, ninguém" mudou tudo" e fez com que o cantor ganhasse um Disco de Ouro.
As canções de Marco Paulo "não chegavam ao público", porque "em Portugal há uma tendência, nas rádios e televisões, para esconder coisas".
"Hoje em dia, uma estação de televisão praticamente só passa música pimba nos seus programas de variedades. Naquela altura, era o contrário: a música mais ligeira de Marco Paulo, por exemplo, não podia passar na televisão"."Assim que as pessoas ouviram Marco Paulo, ele fez um enorme sucesso", acrescentou. "Ele conseguiu chegar ao público e as pessoas viram que tinha um vozeirão".
Marco Paulo teve o que David Ferreira considera "muito raro": "teve todos os anos, vários anos seguidos, um êxito enorme a fazer um disco de ouro". "Era uma das vozes mais perfeitas, mais bonitas da nossa música popular", elogiou o especialista João Callixto, acrescentando que o cantor teve uma "carreira de quase seis décadas sempre junto do público".
Nas fases iniciais do percurso artístico, segundo João Callixto, "foi precisa muita persistência" e "felizmente chegou e consolidou-se num sucesso muito grande".
"Uma carreira tão grande, com tantos discos vendidos (...) só se pode explicar por ter um público que acredita nele, que se identifica com as canções que ele interpreta e pela simpatia que, realmente, irradiava, o sorriso que tinha, a maneira que tinha de estar junto de tanta gente tão diferente".
Na opinião do investigador, "poucos artistas conheceriam o país tão bem como ele na sua extensão". "O grande sucesso chega no final da década de 70, com as canções que Mário Martins e a editora Valentim de Carvalho trazem do estrangeiro (...) e que transformam em êxito em Portugal, através desta voz tão especial como a de Marco Paulo".
Marco Paulo "deixa um lugar muito, muito especial na música ligeira em Portugal". "São quase 60 anos com muitas gravações", acrescentou. "Deixa muitas gerações até de outras áreas musicais impactadas".
"Não há nenhum português que não conheça várias das canções que Marco Paulo cantou, porque estavam em todo o lado, especialmente nos anos 80. Depois os gestos, a passagem do microfone de um lado para o outro. Há várias imagens de marca, como os caracóis de Marco Paulo. É realmente uma pessoa que está muito próxima de várias gerações de portugueses".
Marco Paulo celebraria os 60 anos de carreira "daqui a muito pouco tempo", adiantou João Callixto, lembrando a "grande base de fãs, ao longo de todas estas décadas".
A voz do cantor era uma "das vozes mais bonitas da música ligeira portuguesa e isso é uma marca distintiva e é uma das razões do grande sucesso".
"Escolheu cantar música ligeira, foi aí que se destacou", salientou o investigador musical.
Já Gonçalo Madail considera Marco Paulo "um ícone". O diretor de programas da RTP, em Portugal, "não há quem não conheça o Marco Paulo e reconheça a figura, o ícone".
"Para além da sua obra musical, é o protagonista de uma história muito portuguesa", afirmou, lembrando as origens do cantor e o percurso do cantor que foi, ao longo da vida, "bebendo deste Portugal".
"Marco Paulo é precisamente isso: é uma história muito portuguesa. É alguém que atingiu o sucesso graças a um talento e a um dom que tinha: uma voz inigualável".
Segundo Gonçalo Madail, podia ser "o nosso Frank Sinatra, em matéria de dom e de talento vocal", mas optou pela música ligeira e "talvez isso o tenha tornado um artista mais disseminado".
"É uma figura absolutamente incontornável", continuou o diretor de Programas da RTP. "Está plasmado na espinha dorsal da nossa cultura mediática e popular".
A voz do cantor era uma "das vozes mais bonitas da música ligeira portuguesa e isso é uma marca distintiva e é uma das razões do grande sucesso".
"Escolheu cantar música ligeira, foi aí que se destacou", salientou o investigador musical.
Já Gonçalo Madail considera Marco Paulo "um ícone". O diretor de programas da RTP, em Portugal, "não há quem não conheça o Marco Paulo e reconheça a figura, o ícone".
"Para além da sua obra musical, é o protagonista de uma história muito portuguesa", afirmou, lembrando as origens do cantor e o percurso do cantor que foi, ao longo da vida, "bebendo deste Portugal".
"Marco Paulo é precisamente isso: é uma história muito portuguesa. É alguém que atingiu o sucesso graças a um talento e a um dom que tinha: uma voz inigualável".
Segundo Gonçalo Madail, podia ser "o nosso Frank Sinatra, em matéria de dom e de talento vocal", mas optou pela música ligeira e "talvez isso o tenha tornado um artista mais disseminado".
"É uma figura absolutamente incontornável", continuou o diretor de Programas da RTP. "Está plasmado na espinha dorsal da nossa cultura mediática e popular".