Uma colecção de manuscritos e cartas do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, figura-chave na etapa inicial da psicanálise, foi hoje vendida por 707.380 libras (1.025.700 euros), informou a leiloeira Christie`s.
"Estamos encantados com os resultados do leilão de hoje, em particular com os manuscritos em alemão e inglês do célebre psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961)", disse o especialista Simon Maguire, encarregado dos lanços.
Segundo este, "trata-se da mais importante colecção de papéis de Jung apresentada em leilão nos últimos tempos, o que se reflecte nos espectaculares preços alcançados".
Os 50 documentos leiloados - incluindo rascunhos de trabalho, conferências, cartas, desenhos e fotografias - deixam transparecer as inquietações profissionais e pessoais de Jung, fundador da escola de Psicologia Analítica e Psicologia dos Complexos.
São, sobretudo, reveladores os textos relativos a Sigmund Freud (1856-1939), "pai" da psicanálise, de quem foi colaborador no começo da sua carreira.
Num desses textos, sobre uma conferência acerca do conceito de "inconsciente colectivo", Jung critica Freud por estar "obcecado" com a "teoria sexual do inconsciente".
A colecção contém também cartas enviadas a Christiana Morgan, uma antiga paciente e espécie de "musa" para o psicólogo suíço.
Jung chegou a desafiar Christiana a explorar a sua personalidade através de uma aventura amorosa com o psicólogo norte-americano Henry Murray (1893-1988), outro dos destinatários da sua correspondência.
Numa das cartas a Murray, Jung confessa-se preocupado com as conjecturas e acusações de que é alvo por causa das suas supostas simpatias pela Alemanha nazi.
"Estou-te muito grato - escreve - pela ajuda tão amável que me deste contra esse estúpido rumor nazi".