Machado de Castro é "um expoente máximo da escultura portuguesa" - Miguel Figueira de Faria
Lisboa, 23 Set (Lusa) - O investigador Miguel Figueira de Faria publica esta semana uma obra sobre Machado de Castro em que realça o carácter pedagógico do que considera ser "um expoente máximo da escultura portuguesa, injustamente desvalorizado por certa crítica".
Em declarações à Lusa, Figueira de Faria, professor da Universidade Autónoma de Lisboa, observou que "certa crítica desvaloriza a dimensão de Machado de Castro, que é um artista ainda hoje incompreendido, apesar da sua extraordinária obra vanguardista".
O livro, intitulado "Machado de Castro. Estudos", tem a chancela dos Livros Horizonte, e reúne três artigos em que o autor pretende "actualizar o que se tem escrito sobre o escultor, que tem uma obra literária ímpar e até escreveu um livro de receitas culinárias".
Joaquim Machado de Castro foi "um autodidacta, tendo aprendido através dos livros estrangeiros e do contacto directo com o estatuário romano Alexandre Giusti nas obras na Basílica de Mafra", referiu o investigador.
"Leu muitas obras estrangeiras com as quais aprendeu, a sua biblioteca era de facto consultada por ele, os livros estão anotados e há notas soltas escritas por ele sobre os títulos, além dos escritos que deixou sobre a sua arte", acrescentou.
Segundo Figueira de Faria, Machado de Castro impôs a tradição da escultura em pedra, quando em Portugal ponderava a tradição da escultura em madeira.
Lembrou, ainda, ter sido Machado de Castro o primeiro a esculpir uma estátua fundida em bronze, designadamente a de D. José I na Praça do Comércio, em Lisboa.
A este propósito, o catedrático indicou à Lusa que actualmente se está a trabalhar na primeira tradução para inglês e francês dos escritos de Machado de Castro sobre esta estátua.
"Trata-se de um texto fundamental, pois Machado de Castro está na primeira linha da escultura europeia da sua época", disse.
"Machado de Castro. Estudos" vem, segundo o seu autor, "actualizar" a bibliografia sobre o escultor, nascido em Coimbra em 1731, já que a última "grande obra com escritos seus" data de 1925.
"Todavia - disse - muito há ainda a fazer para que melhor conheçamos este importante vulto da cultura portuguesa, que é tão esquecido e cuja acção marcou uma ruptura no fazer escultura em Portugal e esteve na vanguarda europeia".