"Ler Lolita em Teerão", da iraniana Azar Nafisi, esta semana em Portugal
Misto de rebeldia contra o sistema político do Irão e de paixão pela literatura, "Ler Lolita em Teerão", da escritora iraniana Azar Nafisi, chega esta semana às livrarias portuguesas, depois do êxito obtido nos Estados Unidos.
O livro nasceu quando a professora Azar Nafisi resolveu criar em sua casa um atelier de leitura clandestino, depois de se ter demitido da Universidade de Teerão, onde leccionava, por pressão das autoridades governamentais.
Para o efeito, escolheu sete das suas melhores alunas e, entre 1995 e 1997, todas leram e analisaram algumas das mais célebres obras da literatura Ocidental, passando por autores como Nabokov, Fitzgerald, Flaubert e Jane Austen.
Esses encontros levaram a professora e as discípulas a abordar a própria situação da mulher iraniana e a sua reduzida liberdade de movimentos e foram o ponto de partida para o nascimento de "Ler Lolita em Teerão", onde Nafisi demonstra o seu gosto pelos livros.
A capacidade que a literatura tem de transformar a vida das pessoas, a dificuldade das mulheres em conciliarem as leis islâmicas com a modernidade e a forma como inspira a uma nova leitura dos clássicos surgem reunidos neste livro, que apresenta um retrato do Irão contemporâneo, tendo permanecido 25 semanas nos tops dos EUA.
A obra, que em Portugal é editada pela Gótica, foi considerada pela escritora Susan Sontag "uma emocionante ilustração do prazer e do alargar horizontes que resultam do encontro com a grande literatura e com um mestre inspirado".
A autora, Azar Nafisi, nasceu em Circa, no Irão, em 1955 e trabalhou como professora de literatura inglesa em três universidades do seu país, abandonando aí a carreira docente depois de se ter recusado a usar o véu.
Em 1997 deixou o Irão com a família e mudou-se para os Estados Unidos, sendo actualmente catedrática de Relações Públicas na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, e escrevendo para o "Washington Post" e o "Wall Street Journal".
"Ler Lolita em Teerão" venceu nos Estados Unidos o prémio Book Sense of the Year 2004, atribuído pela Associação de Livreiros Norte-Americanos.