Lauryn Hill cancela concerto em Israel após pressão do activismo pró-Palestina

por RTP
Lucas Jackson, Reuters

A cantora norte-americana tinha marcado um concerto para a próxima quinta-feira em Telavive, mas acaba de desmarcar a viagem a Israel após uma intensa campanha dos activistas pró-Palestina de todo o mundo. As mensagens e apelos a Lauryn Hill para cancelar a ida a Israel rodaram à volta de uma petição com milhares de assinaturas e de um apelo montado no tema “Killing me Softly”, neste caso uma adaptação dos pacifistas que chamaram a atenção para a campanha BDS (Boicote, Desinvestimento & Sanções).

A decisão de cancelar foi colocada por Lauryn Hill na sua página de Facebook ao final desta segunda-feira, a escassos três dias do concerto que estava agendado para Telavive. A cantora norte-americana parece assim ter cedido à campanha dos pacifistas da BDS, que lançaram uma petição em que 11 mil pessoas pediam a Lauryn Hill o cancelamento do concerto.A campanha BDS foi lançada em 2005 por 171 grupos palestinianos que promovem uma resistência pacífica contra a opressão israelita.      Apelo montado também no tema “Killing me Softly”, neste caso uma adaptação dos pacifistas.

As explicações da antiga vocalista e rapper dos "Fugees" (nome inspirado no termo "refugiado") acabam no entanto por contornar estas questões.

Na sua página FB, Lauryn Hill justifica a decisão com a incapacidade de montar simultaneamente dois concertos, um em Telavive e outro em Ramallah, na Cisjordânia: “A minha intenção era fazer dois espectáculos, um em Telavive e outro em Ramallah. Mas montar um concerto em território palestiniano e ao mesmo tempo em Israel provou ser praticamente impossível”.



“É muito importante para mim que a minha presença ou mensagem não seja mal interpretada ou uma fonte de alienação, quer para os meus fãs israelitas quer para os meus fãs palestinianos. Por essa razão, decidimos cancelar a apresentação em Israel e procurar uma estratégia diferente para levar a minha música a todos os meus fãs na região”, explicou.

Roger Waters, Elvis Costello, Gil Scott-Heron, Talib Kweli e Sinead O’Connor são alguns do músicos que se recusam a tocar em Israel.Os activistas envolvidos na BDS - campanha não-violenta que exige a Israel que respeite os Direitos Humanos e ponha termo à ocupação da Palestina – assinalaram o facto como uma vitória que junta Lauryn Hill à lista de artistas que se recusam a pisar solo israelita enquanto se assistir ao que consideram ser as diárias e repetidas violações dos direitos fundamentais do povo palestiniano.

“Os activistas palestinianos estão a comemorar o anúncio de Lauryn Hill, após ter cancelado o concerto de Telavive, que estava marcado para 7 de Maio”, pode ler-se no comunicado da de imprensa emitido segunda-feira pelo comité palestiniano para o boicote académico e cultural de Israel (Palestinian Campaign for the Academic & Cultural Boycott of Israel).

“O The New York Times e outros meios têm documentado o facto de Israel ter vindo a dar prioridade à arte e à cultura como um meio para branquear as suas violações dos Direitos Humanos. Por isso, quando um artista desta dimensão cancela [um concerto] trata-se aqui de um passo enorme na resposta [a Israel]”, reforçou Andrew Kadi, co-presidente da campanha dos Estados Unidos para pôr termo à ocupação israelita.
Tópicos
PUB