José Luís Neto foi escolhido por um júri composto por Isabel Carlos, cu radora independente, João Mário Grilo, critico de cinema e professor universitár io, Bernardo Pinto de Almeida, historiador de arte e ensaísta, Paul Wombell, cur ador de fotografia britânico, e Ute Eskildsen, curadora do Museu de Fotografia F olkwang Essen.
O fotógrafo, que trabalha no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, i rá receber um prémio de 15 mil euros e o seu trabalho integrará um catálogo feit o em conjunto para os finalistas do galardão.
José Luís Neto, cuja obra "Anónimo" foi recentemente exposta no Museu N acional de Arte Antiga, diz cultivar uma "paixão pelo minúsculo".
Parte do seu trabalho a concurso que está exposta no Centro Cultural de Belém é composta por fotografias do tamanho de uma unha que "obriga o público a ter uma relação especial" com as obras.
Por serem tão pequenas, confessou o autor, muitas vezes as fotografias fazem as pessoas regressar à exposição com óculos ou lupas. O conjunto é uma sel ecção entre milhares de fotografias tiradas pelo autor com uma microcâmara e que constituem "uma espécie de diário íntimo" em imagens.
Noutra sala, José Luís Neto mostra o projecto "Da Série 22475", feito c om base em fotografias a preto e branco de presos políticos nas cadeias portugue sas, no início do século passado.
Desconstruindo uma fotografia antiga, o artista individualiza os presos de uma forma pouco nítida, dando a sensação "que quem vê as fotografias é que e stá a ser observado pelos fotografados".
A decisão do júri, por maioria, diz respeito a este trabalho em particu lar, e foi justificada pela "apropriação poderosa de documento histórico e que r eenvia para imagens da realidade contemporânea, nomeadamente a violência silenci osa".
"A sua fotografia evidencia e reinventa as possibilidades da matéria fo tográfica enquanto arquivo, documento e memória com uma metodologia rigorosa", r efere a acta resultante da reunião dos jurados.
O júri destacou ainda "a global qualidade das propostas apresentadas a concurso", referindo-se aos trabalhos dos outros finalistas, nomeadamente José M açãs de Carvalho, Paulo Catrica e António Júlio Duarte.
O finalista José Maçãs de Carvalho concorreu ao prémio com o projecto " Democracia e Imagem: As Imagens são as palavras dos analfabetos", numa projecção de vídeo e também com fotografias.
Sobre este trabalho, o júri destacou "a generosidade com que se oferece ao espectador, procurando reinventar a relação do fotógrafo com a sociedade", p orque o artista ofereceu cerca de seis mil fotografia assinadas aos visitantes d a exposição.
No projecto de António Júlio Duarte, intitulado "Do Projecto Portugal", a fotografia assume quase uma função documental ou jornalística e debruça-se so bre os temas da estrutura e organização das cidades, "em particular de uma socie dade mais alienada".
Sobre este fotógrafo, o júri teve em conta em particular "a forma como constrói um olhar entre as coisas, uma espécie de velocidade na sua relação com o real, que inscreve alguns dos dispositivos que emergem do imaginário português ".
Paulo Catrica concorreu com "Da Série Paisagem: Rio Murtiga, Alentejo", onde expõe as contradições entre a paisagem natural e as áreas de construção mu ito acelerada, que têm vindo a caracterizar os subúrbios das médias e grandes ci dades portuguesas.
Sobre este projecto, o júri destacou que "evidencia a cultura fotográfi ca contemporânea, no modo como retrata as paisagens urbana e natural".
Na selecção inicial de artistas finalistas, o júri era composto pelo cr ítico e curador independente Miguel Amado, o crítico e curador David Barro, o cu rador e responsável pelo projecto "Anamnese" Miguel von Hafe Pérez, a crítica de fotografia e docente universitária Margarida Medeiros e a crítica de arte e cur adora Sandra Vieira Jürgens.
A exposição do Prémio BESphoto estará patente no CCB até 05 de Março de 2006.