José Luís Neto vencedor da edição 2005 do Prémio

por Agência LUSA

José Luís Neto foi escolhido por um júri composto por Isabel Carlos, cu radora independente, João Mário Grilo, critico de cinema e professor universitár io, Bernardo Pinto de Almeida, historiador de arte e ensaísta, Paul Wombell, cur ador de fotografia britânico, e Ute Eskildsen, curadora do Museu de Fotografia F olkwang Essen.

O fotógrafo, que trabalha no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, i rá receber um prémio de 15 mil euros e o seu trabalho integrará um catálogo feit o em conjunto para os finalistas do galardão.

José Luís Neto, cuja obra "Anónimo" foi recentemente exposta no Museu N acional de Arte Antiga, diz cultivar uma "paixão pelo minúsculo".

Parte do seu trabalho a concurso que está exposta no Centro Cultural de Belém é composta por fotografias do tamanho de uma unha que "obriga o público a ter uma relação especial" com as obras.

Por serem tão pequenas, confessou o autor, muitas vezes as fotografias fazem as pessoas regressar à exposição com óculos ou lupas. O conjunto é uma sel ecção entre milhares de fotografias tiradas pelo autor com uma microcâmara e que constituem "uma espécie de diário íntimo" em imagens.

Noutra sala, José Luís Neto mostra o projecto "Da Série 22475", feito c om base em fotografias a preto e branco de presos políticos nas cadeias portugue sas, no início do século passado.

Desconstruindo uma fotografia antiga, o artista individualiza os presos de uma forma pouco nítida, dando a sensação "que quem vê as fotografias é que e stá a ser observado pelos fotografados".

A decisão do júri, por maioria, diz respeito a este trabalho em particu lar, e foi justificada pela "apropriação poderosa de documento histórico e que r eenvia para imagens da realidade contemporânea, nomeadamente a violência silenci osa".

"A sua fotografia evidencia e reinventa as possibilidades da matéria fo tográfica enquanto arquivo, documento e memória com uma metodologia rigorosa", r efere a acta resultante da reunião dos jurados.

O júri destacou ainda "a global qualidade das propostas apresentadas a concurso", referindo-se aos trabalhos dos outros finalistas, nomeadamente José M açãs de Carvalho, Paulo Catrica e António Júlio Duarte.

O finalista José Maçãs de Carvalho concorreu ao prémio com o projecto " Democracia e Imagem: As Imagens são as palavras dos analfabetos", numa projecção de vídeo e também com fotografias.

Sobre este trabalho, o júri destacou "a generosidade com que se oferece ao espectador, procurando reinventar a relação do fotógrafo com a sociedade", p orque o artista ofereceu cerca de seis mil fotografia assinadas aos visitantes d a exposição.

No projecto de António Júlio Duarte, intitulado "Do Projecto Portugal", a fotografia assume quase uma função documental ou jornalística e debruça-se so bre os temas da estrutura e organização das cidades, "em particular de uma socie dade mais alienada".

Sobre este fotógrafo, o júri teve em conta em particular "a forma como constrói um olhar entre as coisas, uma espécie de velocidade na sua relação com o real, que inscreve alguns dos dispositivos que emergem do imaginário português ".

Paulo Catrica concorreu com "Da Série Paisagem: Rio Murtiga, Alentejo", onde expõe as contradições entre a paisagem natural e as áreas de construção mu ito acelerada, que têm vindo a caracterizar os subúrbios das médias e grandes ci dades portuguesas.

Sobre este projecto, o júri destacou que "evidencia a cultura fotográfi ca contemporânea, no modo como retrata as paisagens urbana e natural".

Na selecção inicial de artistas finalistas, o júri era composto pelo cr ítico e curador independente Miguel Amado, o crítico e curador David Barro, o cu rador e responsável pelo projecto "Anamnese" Miguel von Hafe Pérez, a crítica de fotografia e docente universitária Margarida Medeiros e a crítica de arte e cur adora Sandra Vieira Jürgens.

A exposição do Prémio BESphoto estará patente no CCB até 05 de Março de 2006.

PUB