James Dean morreu há 50 anos, a 30 de Setembro de 1955, e ainda é sinónimo de rebeldia e inconformismo e é também um mito do cinema que nunca chegou a saborear a fama conquistada em apenas três filmes.
O actor, que morreu com apenas 24 anos, teve uma das mais fulgurantes e breves carreiras no cinema, protagonizando apenas três longas-metragens, às quais se juntam algumas peças de teatro e programas televisivos.
"Pelas personagens que interpretou, James Dean é o primeiro jovem actor a abordar os problemas que os adolescentes tinham com os pais, revoltado e em conflito com a família e não com a sociedade", comentou o realizador António-Pedro Vasconcelos à agência Lusa.
Para o cineasta português, admirador das interpretações que Dean teve no grande ecrã, o actor "tornou o cinema norte-americano adulto".
A perpetuar o mito estão, sobretudo, os filmes "A Leste do Paraíso" (1955), de Elia Kazan, e "Fúria de Viver" (1955), de Nicholas Ray, aos quais se junta ainda uma terceira longa-metragem, "O Gigante" (1956), de George Stevens.
Os três filmes foram feitos em muito pouco tempo e James Dean apenas teve oportunidade de ver o primeiro, já que os dois seguintes estrearam depois da sua morte.
A interpretação em "A Leste do Paraíso" e "Gigante" valeu-lhe duas nomeações póstumas para os Óscares, como melhor actor principal, uma situação inédita na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em plena década de 1950.
"Tal como Marlon Brando, James Dean rompeu com a expressão convencional e estereotipada dos actores", recordou António-Pedro Vasconcelos, que se recorda de ter visto os filmes de Dean com apenas 17 anos.
James Byron Dean, que nasceu no estado de Indiana e foi criado numa quinta, decidiu rumar a Nova Iorque em 1951 para seguir uma carreira na área da representação.
Ingressou no prestigiado Actor`s Studio, escola norte- americana que se evidenciou pelo método de ensino que fez um corte radical com os métodos tradicionais de representação.
A imprevisibilidade, o elemento de perturbação e de ambiguidade quando contracena com outros actores são duas características que António-Pedro Vasconcelos aponta no trabalho de James Dean ao encarnar as personagens dos três filmes emblemáticos:
Cal Trask, Jim Stark e Jett Rink.
Se não tivesse morrido num acidente de viação, a 30 de Setembro de 1955, James Dean teria hoje 74 anos e uma provável carreira cinematográfica de sucesso.
No entanto, todos esses anos de vida teriam apagado o epíteto de rebelde, com fúria de viver que personificou a máxima "vive depressa e morre novo".
"Só um filme bastaria para fazer o mito e o facto de ter morrido cedo ajudou a perpetuar a lenda, porque o fixou naquela idade", opina o cineasta português e professor na Act - Escola de Actores.
James Dean poderá não ser já um modelo para os jovens actores, mas meio século depois permanece, aos olhos de uma geração norte- americana "que exigia verdade e sinceridade", um ícone sempre irreverente, mas ao mesmo tempo frágil e incompreendido.
James Dean deixou no currículo de actor vários trabalhos para televisão e cinco peças de teatro profissional, duas das quais na Broadway e a par da representação, revelou-se um apaixonado pela velocidade e pelos automóveis.
Foi ao volante de um Porsche 550 Spyder, a alta velocidade, que James Dean morreu a 30 de Setembro de 1955, faz sexta-feira 50 anos.