A abertura do procedimento de classificação da Central Elétrica do Entroncamento vem responder à necessidade de preservar um exemplar "muito interessante" do período industrial do início do século XX, disse hoje o presidente do município.
"É um elemento edificado muito importante daquela época", afirmou Jorge Faria, que é igualmente vogal do conselho de administração da Fundação Museu Nacional Ferroviário, em reação à publicação em Diário da República, na quinta-feira, do anúncio de abertura do procedimento de classificação pela Direção Geral do Património Cultural.
A Central Elétrica do Entroncamento, projetada em 1919 e construída entre 1920 e 1923, albergou inicialmente uma central termoelétrica a vapor, tendo sido posteriormente equipada com um grupo gerador a diesel, em 1930, com um Posto de Transformação, cujo funcionamento se manteve até à sua desativação em 1990.
Jorge Faria afirmou que o edifício, que está "em muito boas condições" -- parece que "deixou de trabalhar ontem", mantendo todos os equipamentos, afirmou --, não é, neste momento visitável.
O objetivo é, assegurada a sua classificação e preservação, integrar a central no percurso do Museu Nacional Ferroviário, adiantou.
Além do edifício, onde chegou a funcionar uma "escola de aprendizes" entre 1943 e 1959, o pedido de classificação inclui ainda o património móvel, como o grupo gerador de energia elétrica, composto por um motor de combustão a diesel e um alternador, instalado em 1927, para alimentar de força motriz e iluminação as oficinas do Complexo Ferroviário do Entroncamento.
Há ainda o quadro elétrico de manobra da central, do mesmo ano, e a subestação, que, desde o início da década de 1930, distribuía energia elétrica produzida na central para todo o complexo ferroviário do Entroncamento e também recebia energia da Empresa Hidroeléctrica do Alto Alentejo.
O pedido de classificação inclui igualmente uma das três caldeiras a vapor da central, que antecederam o recurso ao diesel, e que integra o património da Central Elétrica do Entroncamento.
As três caldeiras alimentavam duas máquinas a vapor que trabalhavam em paralelo para acionar quatro dínamos com uma potência de 80 kw. Atualmente existe apenas uma caldeira a vapor, montada, em 1943, para formação da Escola de Aprendizes.