A imprensa israelita tem publicado com frequência nos últimos tempos textos sobre Portugal, uma "notoriedade" que ocorre em paralelo com o crescendo de traduções em hebraico de obras de nomes cimeiros da literatura portuguesa.
Recentemente, no suplemento cultural do diário Haaretz, a escritora e crítica literária Ruth Almog publicou uma página do seu diário de viagem a Portugal, de onde regressou na semana passada.
Noutra mostra de interesse pela realidade portuguesa, as instalações provisórias da Casa-Museu de Bialik foram pequenas para conter duas centenas de pessoas que ali se dirigiram para assistir ao lançamento da tradução hebraica de uma obra de Fernando Pessoa, mais precisamente a de um dos seus mais importantes heterónimos, Álvaro de Campos.
Pessoa não é, no entanto, o único autor português a merecer as atenções dos editores e dos estudiosos.
A professora de Literatura Miriam Ringel, por exemplo, está a terminar uma tese de doutoramento sobre a obra de José Saramago.
Em Maio último, os suplementos culturais fizeram-se eco do colóquio comemorativo do 300/0 aniversário de nascimento do dramaturgo António José da Silva, "O Judeu".
O colóquio decorreu na Universidade Bar-Ilan, com o patrocínio do embaixador português Pedro Nuno Bártolo.
Bártolo, em Israel há dois anos e meio, foi entretanto designado para o cargo de representante permanente de Portugal junto da UE em Bruxelas.
No capítulo da tradução, além de "O banqueiro anarquista", de Pessoa, marcou a agenda cultural das últimas semanas o lançamento de obras de Mário de Sá Carneiro ("A confissão de Lúcio") e de José Saramago ("Ensaio sobre a Lucidez). As traduções são, respectivamente, de Ioram Melcer, Rami Saari e Miriam Tivon.
Melcer está a ultimar uma antologia de textos de alguns dos menos conhecidos heterónimos de Pessoa.
Para lançamento em Outubro, estão na calha mais duas obras, por sinal de um mesmo autor, Branquinho da Fonseca: "O Barão" e "Rio Turvo".
Também no quadro deste interesse se inscreve a recente criação em Israel de um fórum da CPLP, no qual os embaixadores do Brasil e de Angola se juntaram ao chefe da missão portuguesa para porem em evidência o papel que o mundo de língua portuguesa poderá desempenhar nesta região.
Para o futuro projecta-se uma exposição sobre Aristides de Sousa Mendes, o diplomata português que, rejeitando as directivas de Salazar, salvou milhares de judeus dos campos de extermínio nazis, durante a segunda guerra mundial.