Numa altura em que o Parque Mayer volta a dar que falar e quando se encontra a decorrer o prazo para entrega das propostas do concurso de ideias para a zona, voltar ao parque ao fim de 10 anos é, para Marina Mota, um regresso "ao seu local de origem e favorito", como a própria disse à agência Lusa.

"Voltar à revista e voltar ao parque é um autêntico adoçar da boca", frisou, ao mesmo tempo que lamentou as dificuldades com que os actores e autores continuam a ter para fazer revista.

"Uma arte que alguns teimam em dizer que é menor, mas que de menor não tem nada", frisou, sublinhando que que também não é verdade que a revista tenha perdido a razão de existir após o 25 de Abril de 1974 uma vez que todas as situações são passíveis de crítica social.

A revista tem ainda, segundo Marina Mota, outra característica muito diferente da grande maioria das peças de teatro que se fazem em Portugal uma vez que é feita apenas com "carolice e sem qualquer subsídio do Estado".

"Fazer revista hoje em Portugal, como ainda se continua manter a tradição aqui no Maria Vitória é um risco pessoal, uma vez que não temos qualquer subsídio. O único subsídio é o público que a vem ver", frisou.

"HIP HOP´arque" é assim, segundo Marina Mota - que não fazia revista desde a "Ora bolas pró parque" - uma forma de apelar para a revitalização do Parque Mayer.

"Um local de que os políticos apenas falam em campanha eleitoral, mas do qual se esquecem logo no dia seguinte às eleições e que continuam a votar ao abandono".

Um abandono que, no dizer da actriz, tem a ver com o "grande interesse que os solos do Parque Mayer despertam, pelo seu grande valor monetário, e que nada têm a ver com o valor que a sociedade e os políticos dão à cultura em Portugal".

Entre os vários temas dos sketches da revista contam-se a violência doméstica e o número de desempregados em Portugal, disse a actriz, acrescentando que a revista tem a particularidade de ter dois finais.

Co-produzida por Marina Mota e Helder Freire Costa, a revista conta com um elenco onde pontuam nomes como o de Marina Mota, Carlos Cunha, João Baião, Ana Brito e Cunha, Rui de Sá, Paulo Vasco, Melânia Gomes, Marisa de Carvalho, Sara Brás e Cristina Aurélio.

Com textos de Francisco Nicholson e Tiago Torres da Silva, "HIP HOP´arque" conta com um corpo de dez bailarinos e tem criação e direcção coreográfica de Marco de Camilis.

A música - que é apresentada com orquestra - é de Fernando Correia Martins, Braga santos e José Cabeleira e os figurinos e cenários são da responsabilidade de Helena Reis.

Mostrar que a revista não deve sair do Parque Mayer - que está a ser objecto de um concurso público de ideias cujo prazo de apresentação termina a 25 de Janeiro - é também, segundo Marina Mota, outro dos objectivos da revista.

CP.

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