Governo atribui Medalha de Mérito Cultural a Herman José

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: Rodrigo Antunes – Lusa

O humorista Herman José foi distinguido esta terça-feira, dia do seu aniversário, com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Governo português, em reconhecimento "do inestimável trabalho de uma vida dedicada à televisão e às artes do espetáculo, à rádio e em especial pelo seu trabalho pioneiro como humorista incondicionalmente comprometido com a liberdade".

A cerimónia de condecoração de Herman José decorreu no Palácio de São Bento. A iniciar a sessão com um breve discurso, António Costa classificou o percurso do artista como "um caso singular de longevidade televisiva".

"As muitas personagens que criou e interpretou permanecem até hoje na memória coletiva, bem como frases e expressões (...) que entraram na fala do dia-a-dia dos portugueses", sublinhou o ainda primeiro-ministro, mencionando algumas das mais célebres citações de Herman.

"Humorista notável e improvisador de destaque, Herman José desempenhou um papel pioneiro na criação artística de espetáculos, na televisão e ao vivo"
, elogiou ainda António Costa. "Como autor, ator, apresentador, realizador ou produtor, participou numa grande diversidade de programas. Formou e influenciou sucessivas gerações de atores".

Dirigindo-se ao humorista, o primeiro-ministro expressou "admiração" e "estima" pelo percurso artístico.

No ano "em que assinala 50 anos da sua carreira artística e no ano em que celebramos 50 anos da nossa Democracia, o Governo português presta-lhe esta pública homenagem, concedendo-lhe a Medalha de Mérito Cultural, em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à televisão e às artes do espetáculo, à rádio e em especial pelo seu trabalho pioneiro como humorista incondicionalmente comprometido com a liberdade".

Depois de receber do primeiro-ministro a Medalha de Mérito Cultural, Herman José agradeceu no habitual tom humorístico.

"Estive toda a noite a pensar no que podia dizer numa situação destas", começou por brincar. E continuou, no mesmo tom, distinguido dois tipos de humoristas.

"Eu nasci com uma doença chamada 'humoristite aguda', que é a tendência natural para o disparate sempre, em todas as ocasiões"
, disse o artista.

Fazendo referências a alguns tipos de censura ao humor, desde a sua infância, Herman José recordou quando o programa "Amor de Perdição" foi tirado do ar e que levou Mário Soares, presidente da República na altura, o contactou. Em 1992, como contou ainda, Mário Soares voltou a dirigir-se ao artista: "quer ser condecorado?".

De uma forma tão característica, Herman narrou a conversa e o momento em que foi condecorado.

"Daí para cá a minha vida foi um vazio, até ao momento em recebo um telefonema do senhor ministro da Cultura", brincou.

"Estou a brincar, mas quero agradecer-vos muitíssimo esta honra imensa", declarou Herman José.
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