George Tabori, um dos maiores encenadores da actualidade, morreu na segunda-feira à noite, com 93 anos, anunciou hoje, em Berlim, o seu amigo íntimo e director do teatro Berliner Ensemble, Claus Peymann.
"Mãe Coragem", um drama que também foi passado ao cinema, e que conta a história da mãe judia de Tabori, "os Canibais", "A Minha Luta" e "As Variações de Goldberg" foram algumas das encenações mais conhecidas de Tabori, que nasceu na Hungria, mas tinha nacionalidade inglesa.
A sua carreira começou nos anos trinta do século passado, em Berlim, onde foi jornalista, antes de fugir para Londres, em 1936, porque, enquanto judeu húngaro, arriscava-se a ser preso e assassinado pelos nazis.
A sua família, excepto a mãe, foi totalmente exterminada no campo de concentração nazi de Auschwitz, facto que se tornou determinante para apreciar a obra de Tabori.
Durante a II Guerra Mundial, trabalhou como correspondente da BBC na Turquia e no Médio Oriente.
A partir de 1947, depois da derrota do regime de Hitler, foi primeiro para Hollywood, e depois para Nova Iorque.
É nesta altura que trava conhecimento com Bertolt Brecht, também exilado nos EUA, de quem foi aluno.
Depois de anos como encenador e argumentista em Hollywood, em 1971 regressou à Alemanha, para viver e trabalhar em Bremen, Munique e Bochum.
Foi também encenador "free-lancer" no famoso Burgtheater, de Viena, antes de se transferir, no final dos anos noventa, Para Berlim.
Em Janeiro de 2000, encenou "O Dossier Brecht" para a reabertura do renovado Berliner Ensemble, com o novo director Claus Peymann.
"Tabori foi um ser humano sábio e simultaneamente infantil, um mágico maravilhoso, que agora deixou o palco", disse Peymann hoje na capital alemã.
O grande encenador estava de cama há vários meses, mas durante a longa agonia recebeu numerosos actores à sua cabeceira, e gostava de debater com eles os pormenores das várias encenações.
Sua mulher, a actriz Ursula Hoepfner, esteve sempre a seu lado até aos momentos derradeiros, e hoje, numa curta declaração, afirmou que o marido, no final da vida, "continuava a encenar em sonhos".