Galerias Romanas de Lisboa abrem ao público durante três dias
Uma vez por ano o cenário repete-se numa das zonas mais emblemáticas da Baixa de Lisboa. Longas filas de espera para visitar as galerias romanas da Rua da Prata que, este ano, abrem ao público de 26 a 28 de setembro. A água que inunda as galerias é retirada pelos bombeiros municipais de forma a permitir a visita em grupo, gratuita, durante três dias sob orientação de técnicos do Museu da Cidade.
Atualmente, teses quase unânimes avançam a possibilidade de estas galerias romanas terem sido um criptopórtico, solução arquitetónica que criava, em zona de declive e pouca estabilidade geológica, uma plataforma horizontal de suporte à construção de edifícios de grande dimensão, normalmente públicos, como é o caso do Fórum da cidade, que teria sido suportado por este criptopórtico.
"Conservas de Água" com quase dois mil anos
No início do século XX, estas galerias ficaram conhecidas como as Conservas de Água da Rua da Prata por serem utilizadas pela população como cisterna. As suas características construtivas, tipologia e materiais associados remetem-nos para uma construção datada entre o séc. I a.C. e o séc. I d.C., contemporânea de outros edifícios públicos da cidade romana de Olisipo.
Foram apenas abertas para visitas esporádicas de jornalistas e investigadores, iniciadas em 1909.
Abertas ao público com regularidade a partir da década de 80 do século XX, são visitáveis, hoje em dia, apenas uma vez por ano, devido à acumulação de água no interior das galerias. A bombagem dessa água com maior frequência, para além de constituir um processo moroso, poderia colocar em risco a conservação do edifício assente sobre esta estrutura romana, assim como a daqueles que lhes estão anexos.
Esperam-se longas filas para visitar monumento
O acesso ao interior é feito através de um alçapão localizado na Rua da Conceição. Este monumento integra a classificação do Conjunto Baixa Pombalina (Imóvel de Interesse Público) e, mais recentemente, do Conjunto Lisboa Pombalina (Em Vias de Classificação para Monumento Nacional).
A partir dos anos 80 abrem ao público com regularidade, mas devido à grande adesão do público a estas visitas, a fila é normalmente longa. As visitas decorrem entre as 10 e as 18 horas para garantir a entrada no monumento.
O que se pode ver
Hoje a parte visitável é constituída por uma rede de galerias perpendiculares, de diferentes alturas, onde se destacam:
- pequenos compartimentos (celas) dispostos lateralmente a algumas das galerias, que poderão ter sido utilizados na época romana como áreas de armazenamento;
- arcos em cuidada cantaria de pedra almofadada, técnica típica dos inícios da época imperial romana;
- abóbadas, onde são visíveis as marcas das tábuas de madeira que serviram para a sua construção e onde se pode observar várias aberturas circulares que serviram bocas de poço a partir de data desconhecida;
- “Galeria das Nascentes”, também chamada “dos Olhos de Água”, que ostenta a fractura que divide em dois a parte hoje visitável do monumento. Nesta fenda brota a água proveniente do lençol freático e que irrompe inundando toda a área das galerias.