O fundador do grupo norte-americano de pós-punk Pere Ubu David Thomas morreu, na quarta-feira, aos 71 anos, depois de anos de doença, foi anunciado na conta oficial do grupo na rede Facebook.
Em 2017, a banda - na qual apenas Thomas se manteve como membro constante ao longo das décadas - já tinha cancelado concertos nos Estados Unidos devido à doença de David Thomas, como recorda o New Musical Express no texto sobre a morte do músico.
De acordo com uma publicação na conta de Pere Ubu no Facebook, Thomas "morreu na sua terra de Brighton & Hove [no Reino Unido], com a sua mulher e enteada mais nova ao lado".
"MC5 estavam a tocar no rádio. Thomas vai ser devolvido à sua casa, uma quinta na Pensilvânia, onde insistiu em ser `atirado para o celeiro`", acrescentaram no mesmo texto, que refere que o músico e a sua banda estavam a gravar um novo disco, "que ele sabia ser o seu último".
De acordo com o comunicado, David Thomas deixou "instruções" para que todas as gravações de concertos continuassem a ser catalogadas através da página oficial na plataforma Bandcamp, onde têm sido divulgadas múltiplas `bootlegs`.
David Thomas, vocalista, multinstrumentista, compositor, nasceu em junho de 1953, em Miami, Florida, cresceu em Cleveland, Ohio, Estados Unidos, e acabou por se fixar na cidade inglesa de Brighton & Hove. A sua autobiografia estava "quase completa" e será terminada.
Formados em 1975, em Cleveland, no estado norte-americano do Ohio, os Pere Ubu foram buscar o nome à peça "Ubu Rei", de Alfred Jarry.
"A combinação da banda de letras absurdas e de música dissonante e muitas vezes ruidosa ganhou-lhes a afeição dos críticos, mas não conduziu a vendas de discos particularmente impressionantes. O disco de estreia, `The Modern Dance` (1978), ainda assim veio a ser encarado como influente de forma notável", pode ler-se na entrada sobre o grupo na Enciclopédia Britânica, que classifica Thomas como "inimitável".
Numa compilação de citações sobre Pere Ubu patente no `site` do Ubu Projex encontram-se várias declarações de críticos como Andy Gill, Ian Penman, Greil Marcus ou Meredith Rutledge-Borger.
Marcus escreveu sobre a música do grupo como algo que "entra num comboio que passa por uma nação moderna como se fosse uma terra antiga, de ruínas, profecias e decomposição", o que faz com que terreno antes familiar pareça "estranho, inédito - novo".