Lisboa, 20 set 2019 (Lusa) - As Jornadas Europeias do Património realizam-se este ano pela primeira vez na Fortaleza de Peniche, com atividades que incluem um roteiro pela vila, a celebração do visitante cem mil e a fuga de Álvaro Cunhal contada por marionetas.
"Sem tirar a importância de todas as iniciativas, porque todas são importantes, eu gostava de salientar que, pela primeira vez, se vão realizar na Fortaleza de Peniche as Jornadas Europeias do Património", este ano sob o tema "Artes Património Lazer", disse à agência Lusa Paula Silva, diretora-geral do Património Cultural (DGPC), entidade que coordena em todo o país esta iniciativa europeia, que terá lugar nos dias 27 a 29 de setembro.
A Fortaleza de Peniche, no distrito de Leiria, onde funcionou a antiga prisão política do Estado Novo, abriu ao público no dia 25 de Abril deste ano, com uma exposição intitulada "Por teu livre pensamento", e tem ainda em construção o futuro Museu Nacional Resistência e Liberdade.
Uma das iniciativas previstas é fazer um roteiro por toda a vila, em que se vai começar a mapear e a conhecer os locais associados à prisão e à ligação da população com as famílias dos presos, que iam visitar a Peniche, mas também com a repressão que era exercida sobre a população, e com a sua resistência, explicou Paula Silva.
"Casas de Peniche -- Solidariedade, Repressão e Resistência" é o primeiro percurso guiado deste roteiro, que depois se pretende que seja aumentado e melhorado, acrescentou.
Ainda em Peniche, estão previstas outras atividades como a celebração do facto de terem sido ultrapassados os cem mil visitantes.
"No dia 15 de setembro, entrou o visitante cem mil em Peniche, e nós vamos aproveitar as jornadas para, no dia 27, ao meio dia, celebrar esse visitante cem mil, o número de pessoas que, desde abril, visitaram a exposição `Por teu livre pensamento`".
Mas há também figuras animadas de marionetas, que vão contar "a fuga mais audaz na história da resistência", que é a fuga do Álvaro Cunhal da prisão.
Haverá uma visita temática às obras que Júlio Pomar pintou sobre Peniche, assim como visitas guiadas à exposição, poesia, ou colóquios.
Paula Silva destacou, contudo, que as atividades no âmbito das jornadas vão muito além de Peniche com mais de mil iniciativas a serem coordenadas pela DGPC em 170 concelhos, envolvendo 770 entidades públicas e privadas, e abrangendo um público que atingirá mais de 150 mil pessoas.
Entre as iniciativas até ao momento já inscritas na plataforma da DGPC para participação nas jornadas contam-se, também pela primeira vez, uma grande adesão e envolvimento dos teatros nacionais, o que Paula Silva explica pelo facto de o tema deste ano envolver as artes, o património e o lazer.
O mesmo se passa com outras iniciativas que partem dos "mais improváveis aderentes", como é o caso do núcleo de dança movimento e terapia do centro hospitalar psiquiátrico de Lisboa, de `workshops` de dança da associação cultural Moinho da Juventude, da Cova da Moura, ou do baile de máscaras no Palácio Nacional de Sintra.
"Temos atividades mais improváveis, mas que mostram o espírito criativo que nós queremos que as jornadas também tenham, e o tema deste ano tem feito com que haja adesão de outras entidades menos prováveis".
A entrada nos museus, palácios e monumentos da DGPC vão ser gratuitos e, nos dias 27 e 28, será gratuito mas só para as iniciativas que vão decorrer nesses locais.
As entidades interessadas em participar com alguma iniciativa têm até às 24:00 de dia 23, segunda-feira, para se inscreverem em www.patrimoniocultural.gov.pt, o mesmo site onde pode ser consultada toda a programação.