O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, acolhe em novembro "uma festa à moda dos Tabanka Djaz", banda guineense que espera que o seu "grande público" acorra "em massa" à celebração dos seus 30 anos de carreira.
"No dia 18 de novembro este público vai estar connosco. Nós acreditamos que vão encher o Coliseu para celebrar connosco estes anos todos em que nós lhes demos muitas alegrias e em que nós recebemos também muito carinho (...). Vamos fazer uma festa à moda dos Tabanka Djaz", disse o cantor e guitarrista Micas Cabral, em entrevista à agência Lusa.
A banda, cujo nome significa "aldeia negra" em crioulo da Guiné-Bissau, e que é composta por Micas Cabral, pelo seu irmão e baixista Juvenal Cabral e pelo teclista Jânio Barbosa, já fez 30 anos há três anos, mas a pandemia de covid-19 impediu-a de celebrar mais cedo o número redondo.
Para 18 de novembro, os músicos estão a preparar um concerto em que não faltarão êxitos nem convidados, cujos nomes não estão ainda confirmados.
"Somos obrigados a tocar os sucessos que nos foram sustentando ao longo desta carreira toda. E num concerto de duas horas, duas horas e meia com alguns convidados, há temas que vão ficar de fora. Vão ter que ficar de fora, porque senão teríamos que estar lá umas quatro ou cinco horas a reproduzir tudo aquilo que é o nosso sucesso. Mas o nosso grande público temos fé que vai estar em massa connosco no dia 18 de novembro", acrescentou o vocalista.
Os Tabanca Djaz, que divulgaram o `gumbé`, estilo musical da região de Bissau, contam editar também este mês um novo EP, com o qual prometem respeitar a "imagem musical" que mantêm há 30 anos.
"É óbvio que temos acompanhado toda a evolução a nível musical que tem acontecido no mundo e sons mais modernos, tentamos sempre estar atentos a isso, mas a nossa espinha dorsal enquanto músicos mantém-se", disse o baixista da banda, Juvenal Cabral.
Ao fim de 33 anos em palco e com "grandes concertos" e um "público incrível" um pouco por toda a lusofonia - Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, a banda tem dificuldade em apontar o melhor momento da sua carreira.
Mas Juvenal Cabral recorda com emoção o dia em que, ao fim de 16 anos a viver em Portugal, os músicos regressaram à sua terra natal para dar um concerto na Praça dos Heróis Nacionais, a praça principal de Bissau.
"Quando nós saímos da Guiné, em 1998, o público guineense era um público que não reagia muito aos concertos. Ia assistir a um concerto e, mesmo estando a gostar da banda, (...) ficava ali parado ouvir a música e no final batia palmas e pouco mais", lembrou o músico.
Mas em 2014 o panorama tinha mudado radicalmente: "Foi incrível, quando nós chegámos, ver aquela moldura humana, o povo todo a gritar Tabanka, Tabanca, e quando subimos ao palco não parecia que estávamos na Guiné".
"Aquilo foi uma coisa marcante, pessoas a subirem nas árvores e foi incrível. Foi incrível".
Já sobre o momento mais difícil, os três músicos não têm dúvidas em apontar a morte do quarto membro dos Tabanka Djaz, Caló Barbosa, irmão de Jânio Barbosa.
"Isso abalou bastante o grupo. Tivemos uns 11 anos sem gravar", disse Juvenal Cabral, lembrando que decidiram só voltar ao estúdio quando estivessem estamos em condições para voltar para o estúdio, principalmente em condições psicológicas.
Ao fim de 11 anos, os Tabanka Djaz gravaram o seu quinto álbum, "Depois do Silêncio", numa referência a essa período em que, apesar de darem concertos, ficaram afastados dos estúdios.
Além de Micas Cabral, Juvenal Cabral e Jânio Barbosa, a banda atua em palco acompanhada por Lars Arens, no trombone, Rodrigo Bento, no saxofone, Cláudio Silva, no trompete, Paulinho Barbosa (teclas), Cau Paris (bateria), o percussionista Kabum e a dançarina Sheila Semedo.