Faro Capital da Cultura - Meio milhão precioso para promoção perdido para sempre
O secretário de Estado da Cultura atribuiu hoje, parcialmente, a falta de promoção da Faro Capital da Cultura à perda de um subsídio de 500 mil euros, a que a organização se deveria ter candidatado em 2004.
Falando em Faro, à margem de uma cerimónia protocolar entre a organização do evento e o Instituto do Cinema e das Artes Multimédia (ICAM), Vieira de Carvalho lamentou que a estrutura organizadora tenha desperdiçado aquela verba.
"Perderam-se 500 mil euros em 2004, que poderiam ter servido para a preparação inicial do evento", disse, precisando que "teria sido mais fácil fazer uma promoção a sério da Capital da Cultura com os 500 mil euros que não foram aproveitados".
De acordo com o governante, a verba fazia parte de um total de dois milhões de euros disponibilizados pelo Programa Operacional de Cultura (POC) para o evento, dos quais um milhão ainda poderão ser atribuídos em 2005 e meio milhão em 2006.
Aqueles dois milhões de euros complementavam a verba já destinada ao evento, da ordem dos 5,2 milhões de euros, afirmou, atribuindo o desperdício à mudança de comissário, em Outubro, e aos sucessivos atrasos e descoordenação, que levaram à perda do meio milhão de euros.
Segundo Mário Vieira de Carvalho, aquelas candidaturas têm que preencher critérios precisos, por se tratar de fundos europeus, e a verba para 2005 ainda não foi candidatada formalmente.
"Em 2005 foi apresentada uma candidatura que ainda não estava completamente bem, mas a gestora do POC está emprenhada em colaborar com a estrutura de missão [comissariado do evento] para conseguir esse apoio", disse.
O secretário de Estado atribuiu este tipo de descoordenações à instabilidade da estrutura de missão, sustentando que a mudança de responsáveis e a falta de estabilidade de trabalho "podem levar a estas situações".
Maria Vieira de Carvalho criticou o actual modelo deste tipo de eventos, sublinhando que "não se pode avançar com capitais da cultura em Julho para começar no ano seguinte" e que "é muito difícil, com este modelo, fazer uma coisa devidamente estruturada".
Também em declarações à comunicação social, o actual comissário de Faro Capital da Cultura, António Rosa Mendes, imputou à falta de condições da estrutura de missão à não candidatura aos 500 mil euros do POC irremediavelmente perdidos.
"A estrutura de missão, até início deste ano, era só eu", precisou, observando que já foi apresentada uma intenção de candidatura aos 1,5 milhões de euros disponíveis em 2005.
"Já foi apresentada uma intenção de candidatura, agora é necessário um processo muito complexo de construir essa candidatura", disse, concretizando que as tarefas de natureza burocrática em falta - a cargo de uma empresa especializada - deverão ser completadas "nos próximos dias".
Sobre as críticas à falta de promoção do evento, Rosa Mendes considerou "irrisória" a importância de 300 mil euros de que dispõe para o efeito até ao final do ano e lamentou os entraves burocráticos exigidos no âmbito dos investimentos em publicidade e promoção.
O protocolo hoje assinado com o ICAM permitirá o envolvimento do instituto na programação de cinema da Faro Capital da Cultura e a criação de um DVD com quatro documentários sobre o Algarve.
O DVD, em edição bilingue, e cuja saída está marcada para 27 de Dezembro, contará com um filme de animação de Marina Estela Graça, um documentário sobre a Meia Praia de Pedro Serra Nunes, um outro documentário, sobre Olhão, da autoria de Miguel Gonçalves Mendes e uma curta-metragem acerca de Faro de Rita Azevedo Gomes.
Também no âmbito do cinema, Faro vai receber em finais de Outubro mais de uma centena de responsáveis governamentais, de todo o Mundo, na área da Cultura, para debater a produção e divulgação da arte cinematográfica.
O programa da Faro Capital da Cultura, iniciado dia 29 de Abril, decorre até ao fim do ano, com dezenas de espectáculos, sessões de cinema, exposições e animação de rua.