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Exposição sobre Amadeo Souza-Cardoso na Gulbenkian atrai milhares de visitantes

por Agência LUSA
<i>Cabeça</i> (1913) DR

A exposição sobre o pintor Amadeo Souza-Cardoso (1887-1918) na Fundação Calouste Gulbenkian recebeu já 35 mil visitantes, sobretudo jovens em grupos escolares, que acorrem ao museu para descobrir uma obra pouco conhecida do grande público.

As grandes "enchentes" de visitantes registam-se sobretudo ao fim-de-semana, mas, segundo fontes dos serviços da Fundação, são muitas as pessoas que circulam durante a tarde e noite na exposição, numa média de um milhar por dia.

Público de todas as idades, mas sobretudo jovens em visitas escolares, tem circulado pelas instalações da Gulbenkian de visita à maior exposição de sempre sobre a obra de Amadeo e 38 criadores portugueses e estrangeiros com quem privou, num total de 260 obras.

O visitante da exposição - inaugurada há um mês - é recebido logo à entrada por uma fotografia de grandes dimensões a preto e branco de Souza-Cardoso com a frase escrita em francês "Je Travaille" (Eu Trabalho).

Considerado um dos grandes precursores da arte moderna em Portugal, o artista viveu oito anos em Paris, onde acompanhou activamente o surgimento dos movimentos expressionista e cubista, convivendo com alguns dos artistas representados também nesta mostra.

Entre meia centena de pessoas a circular pelo espaço expositivo, mais de metade são jovens entre os 15 e 18 anos, a quem foi dada a possibilidade de conhecer a obra de Amadeo com uma visita guiada às obras de pintura, desenhos a tinta da china e escultura.

"Aquele ali está muito fixe! É simples mas está muito bom", av avalia um adolescente, falando com duas colegas de uma turma do 12º ano do Liceu de São João do Estoril.

Os jovens são acompanhados por guias que "decifram" os trabalhos dos artistas numa linguagem acessível: "Digam-me as vossas impressões. Gostam, não gostam? Ali, vejam como ele usou este tipo de traço para representar o movimento".

A visita guiada transforma-se numa lição de arte e quase no fim do percurso Joana Antunes, 18 anos, e Bárbara Viana, 17 anos, que desconheciam até hoje Amadeo Souza-Cardoso, ficaram a saber como distinguir entre a corrente figurativa e abstracta, o cubismo e o expressionismo.

"É muito importante que continuem a existir artistas como ele, que antecipam o futuro", disse Joana, impressionada com o carácter visionário do pintor.

A maioria dos jovens estudantes acompanha com atenção as explicações dos especialistas, que também são ouvidas por outros visitantes, como um casal espanhol de sexagenários que reside em Portugal há já 35 anos.

"É uma exposição excelente, com pelo menos dez quadros sublimes", comentaram à Lusa, identificando-se apenas como Maria e André.

Ficaram particularmente impressionados com a abundante produção artística de um homem que faleceu aos 31 anos.

"Fez tanto em tão pouco tempo! Vê-se nos quadros que era uma pessoa atormentada", comentou Maria, admitindo que nada sabia do artista português, nascido no concelho de Amarante em 1887.

Apesar dos elogios à qualidade da exposição, deixaram alguns reparos - "Pouca luz, as legendas pequenas" - e também não gostaram muito de que o único quadro de Picasso tenha ficado "quase escondido" no espaço expositivo.

"Realmente, não é o seu melhor e é pequeno, mas é um Picasso e ficou a um canto", lamentaram, referindo-se ao "Tête de Femme/Cabeça de Mulher", um óleo sobre papel de pequenas dimensões datado de 1909.

A exposição "Diálogos de Vanguarda" vai estar na Fundação Gulbenkian até 14 de Janeiro de 2007, com um horário das 10:00 às 22:00, excepto às sextas-feiras, que se prolonga até à meia-noite, encerrando às segundas-feiras.

Uma fonte da Fundação disse à Lusa que é a primeira vez que o horário de uma exposição ali realizada é alargado "de forma sistemática" devido ao grande afluxo de visitantes, cujo pico se verificou nos feriados de 01 e 08 de Dezembro.

"A maioria dos visitantes vem em grupo e são sobretudo escolas, que chegam a atingir 19 por dia", indicou a mesma fonte, referindo ainda que as marcações estão esgotadas até ao encerramento da exposição.

Ao todo estão marcados 400 grupos, sendo 300 deles de escolas de todo o país, sobretudo da Grande Lisboa.

Também o catálogo criado para a exposição, comissariada por Helena de Freitas, com uma tiragem de 3.000 mil exemplares, se esgotou e está a ser feita uma segunda edição.

Quanto à possibilidade de prolongamento da mostra, ainda nada está decidido, visto que "envolve muitos contratos com entidades colectivas e particulares que cederam obras", nomeadamente o British Museum, de Londres, e o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA).

Amadeo é o eixo da exposição "Diálogo de Vanguardas" que também integra obras de outros artistas do seu tempo, nomeadamente os portugueses Eduardo Viana e Almada Negreiros, e alguns dos grandes nomes da pintura da primeira metade do século XX, nomeadamente Robert Delaunay, Brancusi, Leger, Archipenko e Modigliani.


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