A exposição "No Reino das Nuvens: Os Artistas e a Invenção de Sintra", que reúne um conjunto de obras sobre a forma como Sintra atraiu a atenção e a criatividade dos artistas, foi apresentada hoje pela autarquia.
Pedro Cabrita Reis, Gabriela Albergaria, Pedro Paiva e João Maria Gusmão, José Pedro Croft, Ângela Ferreira, Rui Chafes, Ana Hatherly, Michel Biberstein e Julião Sarmento, que morreu no passado dia 04, estão entre os artistas representados na mostra, alguns com peças inéditas, aos quais se juntam perspetivas de António Dacosta, Nadir Afonso, Carlos Calvet e Gérard Castello-Lopes, Mily Possoz e Bernardo Marques, José Malhoa e Veloso Salgado, Tomás da Anunciação, Silva Porto e Domingos Sequeira, chegando mesmo aos pintores quinhentistas Diogo de Contreiras e Diogo Teixeira.
Organizada em núcleos, a mostra congrega uma seleção de obras, proveniente da Coleção Municipal de Arte de Sintra, de acervos de instituições museológicas municipais e nacionais e de artistas contemporâneos, que exploram a sua relação com esta região, expressa em peças de pintura, escultura, instalação, fotografia, a objetos arqueológicos e à literatura, assinalando os 25 anos da classificação de Sintra como Paisagem Cultural da Humanidade pela organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Para o curador da exposição, Victor dos Reis, assinalar a data é o marco "mais importante desta exposição", adiantando que muitas das mais de 200 obras nela integradas ajudaram "a criar e a transformar a ideia [que se faz] de Sintra, tendo contribuído para inventar visual, imaginária e conceptualmente, a Sintra de hoje".
A exposição estava originalmente pensada para 2020, mas a pandemia da covid-19 obrigou a que se realizasse um ano depois. Para o presidente da câmara, Basílio Horta, este atraso não foi "necessariamente mau", e abriu até novos horizontes.
"Hoje é um dia bom para Sintra. Esta exposição é sintomática de que nada acaba quando se tem vontade. Os desafios são para ser vencidos e com forças renovadas. Foi isso que aqui aconteceu. Esta exposição é símbolo da prioridade que a Câmara de Sintra dá à cultura, que é uma das partes mais importantes da cidadania e da democracia: em exposição estarão 31 obras inéditas, feitas propositadamente para esta mostra.
Pedro Cabrita Reis, com seis novas obras, Ana Caria Pereira, com três grandes obras fotográficas, Gabriela Albergaria, com um díptico em desenho, Hugo Lami, com duas obras, Igor Jesus, com duas obras multimédia, João Maria Gusmão, com três fotografias, Nuno Nunes-Ferreira, com uma obra constituída por 133 postais de Sintra (circulados e colados em contraplacado), Paulo Brighenti, com um painel composto por 63 aguarelas, Rogério Taveira, com um tríptico em desenho, Rui Miguel Leitão Ferreira, com nove obras, e Rui Vasconcelos, com dois desenhos, são alguns dos nomes nacionais presentes "No Reino das Nuvens: Os Artistas e a Invenção de Sintra".
De Julião Sarmento, que morreu no início deste mês, são apresentadas duas obras datadas de 2018. Estará também patente a escultura em ferro "Quero Tudo de Ti", de Rui Chafes, uma peça que atinge quatro metros de altura, criada especialmente para a Catedral de St. Peterskirche, em Lovaina, na Bélgica, e que pertence à coleção pessoal do artista.
A lista de artistas reunidos na exposição, publicada no seu `site`, inclui ainda autores como o rei Fernando II, a rainha Maria Pia, pioneira da fotografia, Alfredo Keil, João Cristino da Silva, autor do quadro "Cinco Artistas em Sintra" (Tomás da Anunciação, Francisco Metrass, Vítor Bastos e José Rodrigues), uma das referências da pintura do século XIX português, o arquiteto William Colebrooke Stockdale, o poeta Thomas Cargill e o pioneiro da relojoaria, criador de mecanismos Christopher Schissler, entre outros autores dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Dos contemporâneos, destacam-se ainda nomes como os de Daniel Blaufuks, João Louro, Patrícia Garrido, Paulo Catrica, Lúcia Prancha, AnaMary Bilbao, Cândido, Catarina Lopes Vicente e Elisa Azevedo.
A exposição, composta por seis núcleos, será complementada com um catálogo que reproduz a quase totalidade das obras expostas e integra ensaios de Maria de Aires Silveira, Vítor Serrão e Victor dos Reis, assim como com um programa de atividades paralelas, constituído por conversas temáticas, concertos, visitas guiadas e ações pedagógicas junto das escolas.