Explicação para a morte de Michael Jackson condicionada à toxicologia
A autópsia realizada em Los Angeles ao corpo de Michael Jackson permitiu afastar a hipótese de o artista ter sido vítima de violência física, mas foi inconclusiva quanto à causa da morte. Os médicos legistas esperam ter resultados dos exames de toxicologia dentro de quatro a seis semanas, mas a polícia está em campo para interrogar o médico pessoal do músico.
Excertos do telefonema, entretanto revelados pelas autoridades norte-americanas, indiciam que o médico pessoal do músico procedeu a várias manobras de reanimação. Transportado sem sinais vitais para o Centro Médico da UCLA, Jackson, com 50 anos, não voltaria a respirar.
Um porta-voz do Departamento da Polícia de Los Angeles adiantou que os investigadores conseguiram falar por breves instantes com o médico de Jackson, identificado pelos órgãos de comunicação norte-americanos como Conrad Murray, um cardiologista de Houston, no Estado do Texas. Um carro do especialista foi mesmo rebocado para as instalações da polícia. Por agora, o médico pessoal da estrela da música não é alvo de qualquer investigação criminal. Contudo, os investigadores querem voltar a ouvi-lo.
Especulação em crescendo
Enquanto a notícia do desaparecimento de Michael Jackson atravessa o Mundo, numa vaga de choque transversal às artes e aos poderes políticos, cresce a especulação em torno das causas da morte. Uma fonte policial garantia nas últimas horas à estação norte-americana ABC que o artista de Indiana era "altamente dependente" dos fármacos analgésicos Oxycontin e Demerol.
Entrevistado no programa The Early Show, da norte-americana CBS, o advogado Brian Oxman, antigo representante legal dos Jackson, revelou que o recurso quotidiano a analgésicos era há muito uma fonte de preocupação para quem rodeava o cantor: "Não quero apontar o dedo a ninguém, porque quero saber o que dizem os testes de toxicologia e o médico legista, mas o facto é que Michael Jackson tinha medicamentos de prescrição médica à sua disposição a qualquer altura".
Uma outra fonte, identificada pelo portal TMZ.com como um "elemento próximo" dos Jackson, teria revelado que Michael recebeu uma injecção de Demerol cerca de 30 minutos antes de entrar em paragem cardíaca.
Para já, as autoridades escudam-se nos resultados inconclusivos da autópsia. A determinação da causa da morte, indicou Craig Harvey, porta-voz da Medicina Legal do Condado de Los Angeles, "foi retardada, o que significa que o examinador médico ordenou testes adicionais, tais como toxicologia e outros estudos". As autoridades prevêem receber resultados dentro de "quatro a seis semanas", segundo o mesmo porta-voz.
Legado de Jackson "vai ser sentido para sempre"
A consternação provocada pela morte de um dos maiores ícones da música contemporânea não conhece fronteiras. Entre os artistas mais próximos de Michael Jackson, multiplicam-se as manifestações de dor. É o caso da actriz Elizabeth Taylor, que disse ter "o coração partido": "A minha vida ficou tão vazia. Penso que ninguém sabia o quanto gostávamos um do outro".
É também o caso do lendário Quincy Jones, o mago da música que tutelou a produção dos trabalhos "Thriller" - lançado em 1982, colocou sete singles no topo das tabelas e continua a ser o álbum mais vendido de sempre -, "Bad" e "Off the Wall" . Para o produtor, Jackson "era o artista consumado e o seu legado vai ser sentido no Mundo para sempre".
"Perdi o meu irmão mais novo e parte da minha alma partiu com ele", confessou Quincy Jones.
A história de Michael Jackson fica também marcada pela controvérsia. Acusado por duas ocasiões de molestar menores, o génio musical enfrentaria em 2003 um processo judicial por alegado abuso sexual de um rapaz de 14 anos. Após cinco meses de julgamento, acabou por ser absolvido, mas a mancha na reputação perdurou; tal como as dívidas acumuladas nos anos de declínio, que o Wall Street Journal estimou em 500 milhões de dólares.
A morte pôs um ponto final a um regresso aos palcos que deveria ter lugar em Londres a 13 de Julho. A agenda do cantor obrigava-o a assegurar meia centena de concertos. No plano das vendas, o desaparecimento do "rei da pop" deu ao seu catálogo um ímpeto que lhe escapava há vários anos. E o clamor de homenagem que se ouve à escala planetária parece dar razão a quem, como Quincy Jones, garante que a morte está longe de significar o ocaso de um astro. Assim como os milhares de admiradores que obrigaram a polícia a colocar barricadas em torno da estrela de Michael Jackson no Passeio da Fama, em Hollywood.