Espólio do escritor Armando Neves disponível em Julho na Torre do Tombo

por Agência LUSA

Poesia, textos teatrais, prémios literários e artigos críticos integram o espólio do jornalista, poeta e dramaturgo Armando Neves (1899-1944) que a Torre do Tombo disponibiliza para consulta a partir de Julho.

Armando Neves, iniciador do teatro radiofónico em Portugal, foi um autor prolixo, tendo escrito mais de 30 peças teatrais e várias centenas de poemas.

No entanto, "parte desse espólio está disperso", referiram à Lusa dois dos filhos do escritor.

Teresa e Álvaro Neves depositaram na Torre do Tombo "cerca de 1.300 poemas - que incluem sonetos, sonetilhos, vilancetes e quadras - , cinco peças de teatro e textos de documentários radiofónicos, perto de 200 artigos da crítica e similares e caricaturas do autor assinadas por vários artistas".

Do inventário, que abrange a produção do autor desde 1920 a 1944, fazem ainda parte 46 diplomas referentes a prémios literários que ganhou.

De acordo com Teresa e Álvaro Neves, "uma cópia de todo o espólio já entregue na Torre do Tombo está também na Faculdade de Letras, para permitir a realização de estudos sobre a obra".

Os descendentes de Armando Neves tencionam ainda deixar à guarda da Torre do Tombo, a partir de finais de Julho, "várias letras escritas para fados, algumas prosas acerca deste género musical, e outras prosas literárias e jornalísticas" do autor, adiantaram à Lusa.

António Frazão, chefe da Divisão de Arquivos Definitivos da Direcção de Serviços de Arquivística da Torre do Tombo, considera que a doação do espólio "pode ser útil para investigações futuras de estudiosos".

Também os filhos de Armando Neves acreditam que o material pode ajudar "os interessados na história do teatro, do jornalismo e da literatura", sendo apenas "de lamentar as obras que se perderam de todo ou cujo paradeiro se desconhece".

Armando Guilherme da Silva Neves nasceu em Quelimane, Moçambique, mas o seu registo de nascimento foi feito posteriormente, na capital portuguesa, tendo os seus estudos decorrido em Lisboa e em Portalegre.

Nesta cidade alentejana iniciou a actividade jornalística, tendo chegado a chefe de redacção aos 17 anos e, em 1927, entrou para O Século, vindo ainda a colaborar com o Diário de Lisboa.

Foi com a colaboração na Rádio Luso que deu início ao teatro radiofónico, pelo que nesta estação ficaram muitos dos documentários radiofónicos que escreveu.

Colaborou também com jornais de espectáculos, dedicando especial atenção ao fado, género que abordou em diversos artigos e para o qual escreveu letras.

António Ferro, admirador do escritor, conseguiu a sua entrada no Secretariado Nacional de Propaganda, em 1942, vindo o autor a falecer dois anos depois.

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