Lausanne, 28 jan (Lusa) - O diretor da Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa, Pedro Carneiro, participa pela primeira vez como membro do júri do "Prix de Lausanne", concurso internacional que decorre até 01 de fevereiro, na cidade suíça.
Pedro Carneiro já foi júri de diversos concursos internacionais e conta com uma carreira que culminou, em 2003, na direção da Escola de Dança do Conservatório, tendo a instituição sido aceite como associada do Prix de Lausanne em 2007, o que a colocou a par das melhores, a nível mundial.
Este ano, Pedro Carneiro foi convidado para ser um dos nove membros do júri da 42.ª edição do concurso. "Nesta semana, vamos ter de avaliar os alunos, tanto em contexto de aula como de palco", disse à Lusa Pedro Carneiro, lembrando que as companhias procuram bailarinos que dominem dança clássica e contemporânea.
O "Prix de Lausanne" é um dos concursos mais antigos, tendo adquirido prestígio mundial pelo nível de exigência, pelas condições de organização e pelo número de grandes bailarinos que aqui adquiriram as suas primeiras distinções.
Dando a mesma importância à dança clássica e contemporânea, o "Prix de Lausanne" recompensa o potencial de futuros bailarinos, em ambos estilos, ao longo de uma semana de avaliação intensa, permitindo o contacto de alunos de diferentes origens, como destaca o diretor da escola lisboeta.
Para cada concorrente, "é uma oportunidade de estar em contacto com jovens de outros países, e é muito importante que se possam comparar", afirma Pedro Carneiro. O concurso oferece assim, a jovens entre os 15 e os 18 anos, uma experiência que vai além da possibilidade de ganhar bolsas de estudo e estágios em grandes companhias.
"Eles têm mais oportunidades de se mostrarem de uma maneira mais completa, porque há muitos concursos em que os alunos se apresentam numa só variante. Aqui há mais tempo para avaliar cada aluno", disse Pedro Carneiro, sublinhando as características do "Prix de Lausanne".
Este método, no entanto, desafia a resistência mental e a força física dos jovens bailarinos que devem mostrar que são capazes de evoluir em pouco tempo. "Eles têm de assimilar, quando são corrigidos tanto nas aulas como nos ensaios e, sobretudo, têm de manter a calma", disse.
Este ano, a Escola de Dança do Conservatório não leva alunos a Lausanne, mas, no ano passado, houve três em prova, tendo dois chegado à final - Tiago Coelho e Francisco Sebastião. Este último conquistou uma bolsa para a Escola de Ballet de São Francisco, a mais antiga dos Estados Unidos.
Em 2010, Marcelino Sambé, outro aluno do Conservatório, chegou à final e, antes, em 2007, foi a vez de Telmo Moreira conquistar uma bolsa de estudo, vindo a ser distinguido em 2009 com o Prémio do Público de Lausanne.
Ao longo destes últimos anos, a escola de dança conheceu uma grande evolução, particularmente na modalidade clássica, como explica Pedro Carneiro.
"Houve alterações de metodologia na dança clássica. Convidámos professores da Rússia para [aplicarem] esta nova metodologia e houve um grande progresso", disse o diretor da escola portuguesa.
A opinião é partilhada por outros diretores de outras escolas internacionais, como a diretora do Centro de Dança de Rio de Janeiro, Mariza Estrella, que verificou a progressão dos alunos portugueses em Lausanne: Com essa mudança de metodologia, "Pedro Carneiro já teve êxito aqui mesmo", afirmou.
Ao mesmo tempo, o facto de Pedro Carneiro fazer parte de júris internacionais e de os seus alunos terem aumentado a participação em concursos de diferentes países, conquistando prémios, ajudou a escola portuguesa a obter notoriedade além-fronteiras: "Temos alunos estrangeiros, sobretudo do Japão", disse.
Os últimos resultados das avaliações diárias do júri do "Prix de Lausanne" serão publicados na próxima sexta-feira, seguindo-se as provas finais, no sábado, sendo depois anunciados os vencedores.