
O designer austríaco Stefan Sagmeister apresentou no Porto o novo logótipo que criou para a Casa da Música, que muda de cor como um camaleão, adaptando-se à situação que o rodeia.
O novo logótipo, que surge associado às comemorações do segundo aniversário da Casa da Música, utiliza a forma de cristal (ou meteorito) do edifício projectado pelo arquitecto holandês Rem Koolhaas, visto de seis diferentes ângulos (os quatro lados, o topo e a base).
Este logótipo "seis em um" será utilizado em todos os suportes de comunicação da Casa da Música, quer de forma estática quer dinâmica, com rotação tridimensional pelos seis ângulos de observação do edifício.
Para resolver os habituais problemas de adaptação das cores de um logótipo a diferentes situações, Stefan Sagmeister optou por um logótipo "camaleão", que muda de cor consoante o contexto em que é utilizado.
A criação de cores é feita automaticamente por um programa informático criado pelo designer, que capta as cores predominantes na imagem do evento que se quer divulgar.
"É muito como um camaleão. Vai buscar as cores à imagem que quer representar. Resolve os problemas de design, porque em qualquer cartaz fica bonito", disse Sagmeister.
O designar, actualmente a trabalhar com um colega num atelier próprio em Nova Iorque, salientou que a constante mudança de cores facilita também a comunicação de "uma casa que tem uma incrível variedade de músicas e de públicos".
Stefan Sagmeister referiu que uma das razões que o levaram a aceitar a criação do logótipo da Casa da Música foi o regresso a uma área a que se dedicou vários anos, como desenhador de capas de discos.
"Bridges of Babylon", dos Rolling Stones, "Set the Twilight Reeling", de Lou reed, "Once in the Lifetime", dos Talking Heads, e "Feelings", de David Byrne, foram algumas das capas de albums desenhadas por Sagmeister.
"A indústria discográfica de música está em grande declínio", disse, justificando a redução de encomendas para capas discográficas.
Guta Moura Guedes, responsável pelo Marketing, Comunicação, Design e Desenvolvimento da Casa da Música, referiu que conheceu Sagmeister na exposição experimentadesign, em Lisboa, de que foi fundadora e directora, tendo feito com o designer austríaco um trabalho conjunto para uma marca de cervejas.
O reencontro agora proporcionado levou Sagmeister a escolher a Casa da Música como local de colocação de uma das 20 frases sobre as coisas que aprendeu na vida, depois de já ter deixado outra numa edição da Experimentadesign.
"Everything I do always come back to me" (Tudo o que faço regressa sempre a mim) é a inscrição que foi colocada hoje na "Onda" da Casa da Música, elevação projectada por Rem Koolhaas como efeito da "queda" do meteorito que o edifício aparenta ser.
"Não estávamos à espera que nos desse o software", disse a responsável pelo Marketing da Casa da Música, acrescentando que, no âmbito deste projecto, dois jovens designers portugueses, Sara Westermann e André Cruz, passaram pelo atelier de Sagmeister em Nova Iorque, estando já a produzir cartazes de eventos utilizando o "gerador de logótipos" do designer austríaco.
Guta Moura Guedes disse ainda que o trabalho de Sagmeister vai ser extensivo ao site da Casa da Música na Internet, que será remodelado no final de 2007, passando a funcionar como uma "casa virtual" e não apenas como "ponto de venda".
O logótipo surgirá no site com imagens reais, captadas em tempo real por câmaras de vídeo que serão colocadas em redor do edifício, disse Guta Moura Guedes, ex-administradora do Centro Cultural de Belém.