Desde Afonso Henriques houve dramas constantes na monarquia portuguesa
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Lisboa, 04 Nov (Lusa) - O investigador José Brandão afirmou à Lusa que "desde que D. Afonso Henriques guerreou a mãe", o drama foi uma constante da Monarquia portuguesa, o que relata na sua obra, "A vida dramática dos Reis de Portugal".
"Só com D. Maria II (1834/1853) é que as coisas acalmaram, também vivíamos com regras constitucionais", referiu.
O facto do primeiro monarca, ainda infante, ter enfrentado as tropas da sua mãe, a Condessa Dª. Teresa de Portucale, em S. Mamede em 1128, interessou o investigador que pesquisou durante dois anos e acabou por "encontrar muitos mais factos do que supunha".
"Há dez anos que acalentava na minha mente esta ideia, despertou-me o interesse o facto de o filho bater na mãe, como comummente dizemos" "Julgo que o livro irá admirar o leitor até me admirou a mim próprio, pois não julgava existirem tantos casos", frisou.
Ao longo de 300 páginas, percorrendo todos os reinados, excluindo os Filipes que governaram de 1580 a 1640, José Brandão revela escaramuças, disputas, batalhas entre pais e filhos, entre irmãos, dramas e tragédias da realeza portuguesa.
De todos os monarcas dois distinguem-se por razões opostas: D. Miguel e D. Pedro V.
"D. Miguel não fica atrás de D. Pedro I, apelidado de o Crú, tanto mais que o tempo era já outro. D. Miguel, o absolutista, juntou à sua volta gente muito repressora, deixou uma imagem muito negativa na história de Portugal", justificou.
D. Miguel, filho segundo de D. João VI e Dª. Carlota Joaquina, disputou a coroa com o irmão D. Pedro IV que proclamara a independência do Brasil, tendo sido Rei durante o ano de 1834.
D. Pedro V, pelo contrário, considera o autor ter sido "o melhor monarca e o mais culto".
O monarca, filho de Dª. Maria II e D. Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, governou 10 anos e "esteve sempre envolto numa aura de esperança do povo", acrescentou.
O estudioso, que editou já cerca de uma dezena de títulos centrados na I República (1910-1926), não sendo monárquico, considera que a instituição régia "era viável em Portugal, bastando ver que os países mais avançados no mundo são monarquias constitucionais".
José Brandão, 60 anos, após o 25 de Abril de 1974 esteve ligado ao mundo sindical, tendo aderido em 1979 à União Geral de Trabalhadores.
Entre 1983 e 1995 colabora em vários jornais, nomeadamente Diário de Lisboa, Expresso e Diário de Notícias.
"Sidónio - Contribuição para a História do Presidencialismo", foi o seu primeiro título, seguindo-se-lhe outros como "Carbonária - o Exército secreto da República" ou "Portugal trágico - O Regicídio".
NL.
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