D. Carlos, o primeiro rei português do século XX, foi assassinado há cem anos

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Lisboa, 01 Fev (Lusa) - O Rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe, assassinados a 01 de Fevereiro de 1908, vão ser recordados hoje numa homenagem no Terreiro do Paço, em Lisboa, local do regicídio, sem a participação do Exército.

Promovida pela Fundação D. Manuel II, a homenagem decorrerá junto à placa evocativa dos atentados de há cem anos, e contará com a presença do Chefe da Casa Real portuguesa, Duarte Pio de Bragança.

Inicialmente tinha sido anunciada a participação de forças militares, nomeadamente os regimentos de Lanceiros e da Artilharia Anti-aérea nº 1, mas tal não foi autorizada pelo ministro da Defesa.

Depois da homenagem no Terreiro do Paço, prevista para as 17:00, seguir-se-á uma missa presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, na Igreja de S.Vicente de Fora, e um tributo nos túmulos do Rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, no Panteão Real.

D. Carlos e o seu filho primogénito foram assassinados há precisamente cem anos quando regressavam de uma estada em Vila Viçosa.

Os atentados foram executados por Manuel Buiça e Alfredo Costa, a quem são atribuídas ligações ao movimento secreto Carbonária.

A morte do rei, o primeiro do século XX e o penúltimo da monarquia portuguesa, foi visto como o derradeiro acontecimento para o derrube do regime monárquico, e a instauração da República, que acabou por acontecer dois anos depois, a 05 de Outubro de 1910.

Hoje, em Cascais, será inaugurada ainda uma estátua do Rei D. Carlos, da autoria do escultor Luís Valadares, e na qual marcará presença o Presidente da República.

Às 21:30, a Cinemateca exibirá um filme mudo, anónimo, que regista os funerais régios a 08 de Fevereiro de 1908, no começo de um ciclo intitulado "Regicídios".

Em Castro Verde, onde nasceu o regicida Alfredo Costa, às 18:30 será apresentado o livro "Crónica do Regicida Invisível - Alfredo Luís da Costa", do jornalista Paulo Barriga.

A Causa Real queria que hoje fosse declarado Dia de Luto Nacional, chegou a reunir mais de quatro mil assinaturas para que o Parlamento assim o decretasse, mas o acto acabou por ficar no papel.

"Não chegámos a tempo para cumprir todos os trâmites necessários para descer a plenário, mas vale pelo acto simbólico", disse à Lusa João Paredes, da Real Associação da Madeira.

Para o Chefe da Casa Real Portuguesa, Duarte Pio de Bragança, a evocação do centenário da morte do Rei D. Carlos "é um acto de justiça e de reconciliação do povo português com a sua História".

"Temos que encarar a História como um passado de todos nós e evitar que sejam precisas revoluções para evoluir", sublinhou recentemente o Duque de Bragança, referindo que se pretende evocar "um português que entregou a vida pela pátria".

Na quinta-feira, cerca de vinte pessoas prestaram homenagem aos dois executores do regicídio no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, que morreram também 01 de Fevereiro, uma iniciativa que partiu da Associação Promotora do Livre Pensamento.

SS/NL.


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