A artista portuguesa Ana Guedes explora crónicas de êxodo e privação associadas à sua história familiar e ao passado colonial português, numa nova exposição que é inaugurada a 26 de abril, no Instituto Camões, em Berlim.
A exposição inédita é apresentada no âmbito de uma parceria entre o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) e a Embaixada de Portugal em Berlim, para divulgar o trabalho de jovens artistas portugueses na capital alemã, no âmbito do Berlin Gallery Weekend.
O trabalho de Ana Guedes, nascida em Braga, em 1981, foi desenvolvido no quadro da residência artística que realizou durante o último ano na Van Eyck Academie, em Maastricht, na Holanda.
Com curadoria de Joana Valsassina, a mostra - primeira individual de Ana Guedes em Berlim - intitula-se "On recurrences: 7.º Volume. Edição nº 13 007/1448. 30`07``", e "cria um intrigante mecanismo de reverberação e ampliação de som composto por gira-discos sincronizados, uma estrutura modular de ressonância, favos de abelha, e pelo próprio espaço expositivo, tornando-o parte integrante da sua instalação sonora", de acordo com a descrição do MAAT.
O trabalho parte de uma coleção de discos de vinil das décadas de 1960, 1970 e 1980, e de livros de orientação marxista que a artista herdou do pai, e que mapeiam a sua história familiar entre Angola, Portugal e Canadá.
"Sondar e digerir estes fragmentos de história e memória surge como forma de refletir sobre as ramificações pessoais, sociais e naturais de estruturas de poder instituídas", acrescenta a nota do museu sobre a obra.
A prática artística da autora conjuga habitualmente som, instalação e performance, interligando temporalidades e narrativas históricas e autobiográficas.
Ana Guedes foi uma das artistas finalistas do prémio EDP Novos Artistas 2017, tendo recebido uma menção honrosa pelo trabalho apresentado.
No âmbito desta parceria entre o MAAT e a Embaixada de Portugal em Berlim já foram apresentadas mostras individuais de André Romão, Nuno da Luz e Igor Jesus.