Profissionais das artes organizam vigília em 16 cidades do país para dar voz aos que ficaram sem rendimentos.
“E se todos ficássemos sem cultura?” A questão é o ponto de partida para o protesto de atores, técnicos e gestores culturais, tendo como objetivo mostrar que o trabalhos das artes “continuam a existir”, apesar dos espaços culturais estarem atualmente encerrados e com a sua programação suspensa desde março.
Esta vigília alerta para o facto de todos os profissionais da cultura e das artes “terem ficado sem qualquer fonte de rendimento e sem soluções à vista e junta-se a todos os movimentos que exigem uma estratégia a curto, médio e longo prazo para a cultura”, lê-se no manifesto na página do Facebook.
A Vigília Cultura e Artes quer dar visibilidade a algumas propostas e reivindicações como a criação do estatuto do profissional da cultura, atribuição da devida legislação de todas as profissões que compõe o setor cultural, reformulação da lei referente ao regimes dos contratos de trabalho dos profissionais de espetáculos, para que melhor se adeque à realidade do setor e repensar a taxação de impostos numa política cultural ajustada, onde os artistas de rua estejam também incluídos.
A atriz Anaísa Raquel, um dos elementos da comissão organizadora da iniciativa, explicou que “nenhum profissional é capaz de sobreviver” às normas impostas pelo Governo de reabrir as salas de espetáculos com 25% da lotação.
Normas da vigília
A vigília será silenciosa e irá realizar-se por grupos de no máximo 10 pessoas, em turnos de 30 minutos, de forma a garantir o cumprimento do distanciamento social e das regras de seguranças e higiene exigidas pelas autoridades.
Medidas do Governo insuficientes
Em resposta ao cancelamento e suspensão da atividade cultural para conter a pandemia da Covid-19, o Governo criou uma linha de apoio de emergência, com uma dotação inicial de um milhão de euros, reforçada entretanto com 700 mil euros, e que vai apoiar 311 projetos, em 1.025 pedidos recebidos. Foi ainda anunciado um apoio de 400 mil euros na área do livro e agilização de procedimentos no acesso a concursos de apoio ao cinema. Tudo isto considerado insuficiente por estes profissionais.
O plano de desconfinamento, aprovado a 30 de abril pelo Governo, depois de o país ter estado sob estado de emergência, previa que as livrarias abrissem a 4 de maio, e os museus, monumentos e palácios no dia 18. Já os cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos abrem a partir de 1 de junho, “com lugares marcados, lotação reduzida e distanciamento físico”. No entanto, ainda não foram anunciadas as regras para essa reabertura.