Cornucópia estreia quinta-feira "Sangue no Pescoço do Gato" de Fassbinder
O Teatro da Cornucópia estreia quinta- feira, em Lisboa, "Sangue no Pescoço do Gato", uma peça de Rainer Werner Fassbinder que dá continuidade à programação da companhia dedicada à desumanização das sociedades contemporâneas.
"A peça deve chamar a atenção para o facto de, neste sistema, tal qual eu o vejo, tudo conduzir à opressão", disse Rainer Fassbinder sobre a peça que escreveu em 1971 e que levou à cena no Antiteater de Munique com o subtítulo de "Marilyn chez les Vampires".
Em declarações à agência Lusa, Luís Miguel Cintra, director da Cornucópia, disse que a peça é um jogo teatral sobre as sociedades democráticas capitalistas que retrata o sofrimento humano, uma vez que, cada vez mais, as pessoas são incapazes de inventar a sua própria vida.
Centrada em torno de uma personagem que rouba o nome a uma figura de banda desenhada norte-americana de Michael O+Donoghue e Frank Springer - Phoebe Zeitgeist (Febe Espírito do Tempo) - "Sangue no Pescoço do Gato" dá ainda conta de "um Fassbinder que não é exterior ao sentimento das personagens, mas que vive os seus mesmos dramas, sentindo um amor e uma solidariedade profundos", acrescentou.
Phoebe é enviada de uma estrela desconhecida para a Terra para fazer um relatório sobre a democracia dos humanos, mas com todas as dificuldades que tem em comunicar com os habitantes do planeta cedo acaba por pô-los fora de jogo e vampirizá-los.
A peça acaba por se tornar uma brincadeira cénica e um completo trabalho de grupo, transformando-se num retrato cruel das democracias modernas, disse ainda Luís Miguel Cintra.
"Sangue no Pescoço do Gato" continua a programação da Cornucópia dedicada à desumanização característica das sociedades contemporâneas, prosseguindo o trabalho iniciado com "Um Homem é um Homem", de Brecht, e "A cadeira", de Edward Bond.
Traduzida por José Maria Vieira Mendes, "Sangue no Pescoço do Gato" tem encenação de Luís Miguel Cintra, cenário de Cristina Reis, som de Vasco Pimentel e desenho de luz de Daniel Worm d`Assunção.
António Fonseca, Duarte Guimarães, Luís Lima Barreto, Luísa Cruz, Paulo Moura Lopes, Ricardo Aibéo, Rita Blanco, Rita Durão, Rita Loureiro e Sofia Marques compõem o elenco da peça que vai estar em cena de terça-feira a sábado às 21:30 e aos domingos às 16:00, até 30 de Outubro.