Colômbia garante ter encontrado milionário galeão espanhol naufragado há 300 anos
O anúncio foi feito com entusiasmo pelo presidente colombiano. Não será para menos, porque pensa-se que, na altura do naufrágio, o galeão San José levava uma milionária. O galeão era o mais cobiçado dos tesouros submersos.
Uma avaliação que não será alheia à carga que os historiadores pensam que transportava: ouro, prata, moedas e pedras preciosas que podem ascender a alguns mil milhões de euros.
Reportagem de Joana França Martins, José Luís Carvalho - RTP
O galeão espanhol foi encontrado dia 27 de novembro e a descoberta foi anunciada no Twitter pelo próprio Presidente da Colômbia.
Gran noticia: ¡Encontramos el Galeon San José! Mañana daré los detalles en rueda de prensa desde Cartagena.
— Juan Manuel Santos (@JuanManSantos) December 4, 2015
Já este sábado, em conferência de imprensa, Juan Manuel Santos veio dizer que se trata do galeão espanhol “sem dúvida, sem qualquer margem para dúvida”, 307 anos depois do seu naufrágio e depois de anos de expedições arqueológicas para o encontrar.
O diretor do ICANH, Instituto Colombiano de Antropologia e História veio complementar a informação, garantindo tratar-se do galeão espanhol. “A presença de canhões de bronze talhado especificamente para o Galeão, a quantidade de canhões e o tipo de materiais encontrados não deixa nenhuma dúvida sobre o achado”, garantiu Ernesto Montenegro.
Está é apenas a primeira fase de localização. Serão agora realizados estudos científicos de solo, de profundidade para avaliar os passos arqueológicos que se seguem. O Presidente já garantiu que será criado um Museu para exibir todos os achados que serão recuperados do mar.
Naufragado há 307 anos
O galeão espanhol San José naufragou dia 8 de junho de 1708, a norte da cidade colombiana de Cartagena, no mar das Caraíbas, com 600 pessoas a bordo. Fazia parte da frota do Rei Filipe V, quando este lutava contra os britânicos na Guerra do Sucessão espanhola. Terá sido atacado um barco de guerra britânico, do Comodoro Charles Wager.
De acordo com a BBC, o San José estaria carregado de ouro, prata, jóias e esmeraldas recolhidas nas colónias da América do Sul para serem enviadas para o Rei espanhol para ajudar a financiar a guerra contra os britânicos.
“Assunto de Estado”
O Presidente da Colômbia escusou-se a dar muitos detalhes sobre a descoberta, alegando que este é um “assunto de Estado”. A informação, garante o Presidente, está “submetida a reserva legal por muitos motivos, porque é o que a lei estabelece e porque as complexidades, o que está em jogo, obriga-nos a manter reserva sobre muita da informação”.
Na página da internet da Presidência da Colômbia encontra-se apenas este vídeo das operações, sem referir, por exemplo, a localização concreta do galeão naufragado.
O presidente nada referiu sobre uma luta legal que se arrasta há anos com uma empresa norte-americana. Disse apenas que este "é um património de todos os colombianos e protegê-lo deve ser um propósito nacional".
Nos anos 80, uma companhia norte-americana, a SSA, Sea Search Armada, reclamou ter descoberto a localização do galeão, pedindo às autoridades colombianas autorização para iniciar a busca pelos destroços e reclamando metade do tesouro encontrado.
De acordo com a Reuters, a SSA e o governo colombiano eram parceiros e teriam decidido essa divisão em partes iguais. Mais tarde, a Colômbia terá dito que o tesouro encontrado pertenceria ao país e a guerra jurídica foi aberta, envolvendo ainda um pedido elevado de indemnização. Em 2011, um tribunal norte-americano declarou que o galeão era propriedade do Estado colombiano.