Cinco pessoas detidas por ligação à morte de Matthew Perry

por Andreia Martins - RTP
Foto: Phillip Faraone/Getty Images via AFP

O ator de série norte-americana Friends morreu em outubro de 2023 devido a "efeitos agudos de cetamina". Desde maio que as autoridades investigavam como é que Perry tinha obtido estes medicamentos sujeitos a prescrição. Revelam agora que uma rede criminosa se "aproveitou" do histórico de várias décadas de dependência de substâncias, algo que o ator assumia publicamente.

Em conferência de imprensa, as autoridades federais norte-americanas que investigaram a morte do ator revelaram esta quinta-feira ter descoberto uma "ampla rede criminosa" de fornecedores de cetamina que fez chegar esta substância a Matthew Perry e a outras pessoas.
A polícia investiga desde maio último as circunstâncias da morte do ator norte americano. Matthew Perry encontrado inconsciente em outubro de 2023 no jacuzzi da sua casa em Los Angeles.

Cinco pessoas foram detidas, incluindo dois médicos e o assistente pessoal de Perry. Incui ainda Jasveen Sangha, também conhecida como "Rainha da Cetamina".

São acusados, no âmbito desta investigação, de terem trabalhado em conjunto para vender a substância ao ator e se "aproveitarem" do histórico de problemas de dependência de Matthew Perry para "enriquecer".

De acordo com a investigação, entre setembro e outubro de 2023, os dois médicos distribuiram 50 frascos de cetamina a Matthew Perry por um valor de 55 mil dólares.

O ator de Friends morreu em outubro de 2023 na sequência de "efeitos agudos" de cetamina, que provocaram "sobreestimulação cardiovascular e depressão respiratória".

Segundo uma autópsia realizada ao corpo do ator de 54 anos foram encontrados níveis de cetamina no sangue próximos aos que seriam utilizados numa anestesia geral.

Inicialmente não foram encontrados indícios de qualquer crime e na altura o caso foi considerado um acidente. No entanto, em maio último, a polícia de Los Angeles e a Drug Enforcement Administration anunciaram que tinham iniciado uma investigação conjunta para apurar como é que o ator teria conseguido os medicamentos que explicavam a dose elevada de cetamina no sangue.
"Pergunto-me quanto é que este idiota vai pagar"

À altura dos acontecimentos, foi revelado que Matthew Perry estava a fazer um tratamento com cetamina para tratar a ansiedade e depressão. Só que o ator tinha realizado o último tratamento uma semana e meia antes de morrer, o que não explicava os níveis elevados da substâncias que foram detetados no sangue após a morte.

Matthew Perry tinha revelado publicamente a sua história de várias décadas com o abuso de substâncias desde os 14 anos. No entanto, segundo o médico legista, o ator estava sóbrio há 19 meses, não tendo sido encontradas quaisquer substâncias ou drogas ilícitas em sua casa. Os cinco detidos são os médicos Salvador Plasencia e Mark Chavez, o assistente pessoal do ator, Kenneth Iwamasa, e ainda Jasveen Sangha e Eric Fleming, acusados de participarem na conspiração para a venda de cetamina.

No âmbito deste caso, Martin Estrada, procurador dos Estados Unidos para o Distrito Central da Califórnia, revelou hoje que as autoridades encontraram durante a investigação o equivalente a um "empório de venda de droga", incluindo cetamina, mas também cocaína e outras substâncias.

Os frascos não estavam devidamente identificados, mas antes disfarçados com designações vagas.

Numa mensagem de texto detetada pelas autoridades, Salvador Plasencia, um dos médicos acusados da morte de Perry, questionava: "Pergunto-me quanto é que este idiota vai pagar".
Acusados tentaram encobrir atos
Mesmo tendo conhecimento dos efeitos potencialmente nocivos para a saúde do ator, tendo testemunhado complicações durante a administração de cetamina, Salvador Plascencia disponibilizou frascos adicionais da substância para que estes pudessem ser administrados pelo assistente pessoal, Kenneth Iwamasa.

Após a morte de Matthew Perry, os suspeitos tentaram encobrir o plano engendrado, entende a acusação. As autoridades tiveram acesso a outra mensagem de texto em que Jasveen Sangha pedia a outro suspeito para que apagasse as mensagens que tinham trocado.

Por sua vez, o médico Salvador Plasencia "falsificou" os registos médicos na tentativa de comprovar que a medicação que o ator tinha tomado era legítima.

O chefe da polícia de Los Angeles, Dominic Choi, agradeceu esta quinta-feira a todas as autoridades envolvidas na investigação e destacou que este caso mostra que este tipo de situações são possíveis "independentemente de origens e estatutos socioeconómicos".
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